2015-09-19 13:02:00

Moçambique: concluído processo de desminagem no País


Moçambique está livre das minas. O governo de Maputo anunciou o fim da operação de desminagem de 170 mil engenhos explosivos espalhados por todo o país quer durante a guerra de independência com os antigos colonos portugueses, quer durante a guerra civil subsequente, que terminou em 1992. Mais de 10 mil as vítimas provocadas por esses engenhos. Sobre este importante marco para a segurança no país, Elvira Ragosta entrevistou Giuseppe Schiavello, director da organização sem fins lucrativos "Campanha italiana contra as minas terrestres”.

"É certamente uma óptima notícia, considerando que Moçambique aderiu às convenções sobre as bombas de fragmentação (‘cluster bombs’) e sobre as minas anti-pessoais, bem como a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência".

- A operação durou mais de 20 anos; iniciou em 1992, no fim da guerra civil, mas alguns engenhos explosivos tinham sido disseminados pelo país mesmo durante a guerra de libertação contra os colonizadores portugueses. Como foi feita a desminagem? Quem a realizou materialmente e quem a financiou?

"Estiveram presentes diversas organizações: desde a "Handicap International" à "Halo Trust" e está sempre também a agência das Nações Unidas "UNMAS". As forças envolvidas neste sentido foram múltiplas, incluindo ONGs e agências das Nações Unidas. A Itália contribuiu muito através do Fondo 5801, sobretudo nos primeiros 10 anos, de 2001 para diante: atribuiu vários fundos em favor de Moçambique".

- Falou-se  também do uso de ratos gigantes, treinados para reconhecer o cheiro das minas antipessoais: quão determinante foi o uso destes roedores especiais?

"Estes roedores normalmente assinalam a presença de minas terrestres; Mas, para se  chegar a uma desminagem que se possa definir segura em termos humanitários, deve-se ainda passar por uma desminagem manual muito complexa e perigosa. No último ano, entre as vítimas que houve em Moçambique - acho 11 ou 12 - metade eram desminadores".

- Libertar Moçambique das minas significa, naturalmente, colocar a população em segurança, mas também dar um novo impulso à economia local, sobretudo agrícola, num país que atrai cada vez mais investidores internacionais. Em que medida esta operação vai beneficiar o PIB de Moçambique?

"Certamente, é sempre um passo em frente para os investidores, mas sobretudo para as pequenas actividades que –  recorde-se  - nestes Países são muitas vezes dedicadas à agricultura; mas a própria recolha  da lenha pela população pode ser um pouco menos perigosa.

- Quantas foram as vítimas em Moçambique, e que tipo de minas estavam no país?

"Creio que houve cerca de 10 a 12 mil vítimas. As minas que estão em África provêm tanto da Ásia como de ex-produtores italianos: os italianos, hoje famosos pelo seu empenho contra engenhos explosivos não detonados, no passado eram grandes produtores dos mesmos. Na verdade, o mercado era tão vasto na época, que a circulação de explosivos  de todos os tipos estava realmente na ordem do dia".

- Quais são, hoje, os outros Estados afectados pelo problema das minas terrestres?

"Alguns herdaram as minas, como o Camboja, o Afeganistão, a Colômbia, que agora também ratificou o Tratado sobre as "bombas de fragmentação" e é certamente um dos países com o maior número de minas de sempre ..."

- Um dos aspectos mais trágicos  deste problema é que as vítimas são na sua maioria civis, e em particular  crianças ...

"95% das vítimas são civis e, destes, 25% são crianças: é um número impressionante ... recordemos que que em todos esses Países que estão à mercê de guerras não controladas, como a Síria e o Iraque, existe uma utilização também terrorista destas armas. Substancialmente, as crianças são as vítimas predestinadas, porque elas são muito curiosas ... (BS)

 








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