Ban Ki-moon destaca os valores comuns partilhados com Francisco


Cidade do Vaticano (RV) – Em vista da visita que o Papa Francisco fará à sede das Nações Unidas em Nova York na sexta-feira, 25 de setembro, o Secretário Geral Ban Ki-moon, divulgou uma mensagem publicada pelo L’Osservatore Romano, cuja íntegra reproduzimos a seguir:

“A visita do Papa Francisco às Nações Unidas chega num momento de desafio e de esperança. Enquanto o mundo se esforça para enfrentar conflitos, pobreza e mudanças climáticas, a voz do Papa é importante a favor de uma ação urgente para proteger as pessoas e o nosso planeta.

Tive o grande privilégio de me encontrar já diversas vezes com Sua Santidade, homem de grande humildade e humanidade. Quando no ano passado, em maio, nos encontramos no Vaticano, o Papa convidou os chefes executivos das Nações Unidas a «promover juntos uma verdadeira mobilização ética mundial que, para além de qualquer diferença de credo e de opinião política, difunda e aplique um ideal comum de fraternidade e solidariedade, especialmente em relação aos mais pobres e aos excluídos».

A cooperação internacional em prol das pessoas mais vulneráveis do mundo é fundamental para a missão das Nações Unidas, como se apresenta na nossa Carta, cuja entrada em vigor vai completar setenta anos no próximo mês.

Enquanto as Nações Unidas trabalham com os parceiros para responder às numerosas emergências do nosso mundo, procuramos também construir estabilidade a longo prazo. É por esta razão que nos sentimos honrados pelo fato de que Sua Santidade nos visitará no dia em que será adotada a Agenda para o desenvolvimento sustentável de 2030.

O Papa Francisco exortou as pessoas, em todos os lugares, a comprometer-se para a realização dos novos objetivos de desenvolvimento sustentável «com generosidade e coragem». Como eu já disse ao Papa, para isso será necessário desafiar todas as formas de injustiças.

Depois da adoção dos objetivos de desenvolvimento sustentável, a atenção passará para a iminente conferência sobre as mudanças climáticas de dezembro em Paris, onde todos os governos do mundo se reunirão para procurar adotar um tratado novo, universal e significativo sobre o clima. Estou plenamente de acordo com o Papa Francisco quando, na sua recente Encíclica, afirma que a mudança climática, além das outras dimensões, é uma questão moral e um dos principais desafios que a humanidade deve enfrentar. Sua Santidade citou justamente o sólido consenso científico que indica como resultado sobretudo da atividade humana o significativo aquecimento do sistema climático, com a maioria do aquecimento global ocorrido nos últimos dez anos.

O Papa Francisco e eu concordamos plenamente acerca da necessidade urgente de agir e sobre a exigência fundamental de apoiar os membros mais pobres e mais vulneráveis da nossa família humana diante de uma crise da qual precisamente os pobres são os menos responsáveis, mas os primeiros que sofrem por causa disso. Outros grupos confessionais fizeram eco a esta visão, inclusive recentemente numa assembleia de estudiosos eminentes e líderes religiosos islâmicos.

A mensagem do Papa Francisco vai muito além dos 1,2 bilhões de católicos no mundo. Na primeira página da sua recente Encíclica, o Papa diz: «À vista da deterioração global do ambiente, quero dirigir-me a cada pessoa que habita neste planeta».

A Igreja católica e as Nações Unidas têm muitos valores e objetivos comuns, não último o de pôr fim à pobreza, promover a inclusão social e proteger o meio ambiente.

Refletindo sobre as muitas realizações da Organização, estamos todos bem cientes das graves ameaças persistentes no nosso mundo.

O conflito na Síria e o impacto mais amplo da violência extremista na região constituem uma colossal tragédia humana que exige uma ação internacional. O Papa é firme defensor de uma resposta humana ao drama dos refugiados em busca de uma vida melhor, drama que está a sobressair com um grande número de chegadas à Europa. Estou profundamente grato pelos seus reiterados apelos à compaixão.

Este mês vou convocar um encontro especial sobre a crise dos refugiados para promover uma abordagem sistemática que não inclua só os países de destino, mas também de trânsito e, aspecto de máxima importância, de origem. Devemos enfrentar as causas que impelem muitos a fugir: os conflitos violentos, as falências da governança, as duras repressões e as graves violações dos direitos humanos, inclusive a perseguição religiosa. É também essencial enfrentar a crueldade dos traficantes de seres humanos e pôr fim aos seus perigosos crimes.

O Papa Francisco demonstrou a importância do compromisso dos líderes religiosos nestas urgentes questões globais. Conto com ele e com os outros líderes religiosos para contrastar as forças da divisão e do ódio com o diálogo e a compreensão. Juntos podemos realizar a nossa visão de um mundo pacífico no qual todas as pessoas vivam com segurança e dignidade.

Ban Ki-moon

 








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