Cardeal Baldisseri a novos bispos: banir mundanismo espiritual


Cidade do Vaticano (RV) - O mundanismo espiritual “contrasta com a nossa missão de pastores” e “deve ser banido da nossa vida, enquanto ameaça a Igreja muito mais do que qualquer outro mundanismo moral. E, para conseguirmos isso, é preciso dispor-nos a uma contínua conversão à lógica de Deus, à norma do Evangelho, à sabedoria da cruz”.

Foi o que afirmou, este domingo, o secretário geral do Sínodo dos Bispos, Cardeal Lorenzo Baldisseri, durante a missa concelebrada na Basílica de São Pedro, por ocasião do encontro anual para os bispos ordenados nos últimos doze meses.

Segundo o purpurado, “negar-se a si mesmo, tomar a cruz e seguir Jesus é “pensar segundo Deus”, é “abraçar a lógica ‘alta’ e ‘outra’ que como pastores somos chamados a encarnar para poder plasmar nossas Igrejas particulares”.

O purpurado sugere três passos a serem dados para seguir esse caminho. “O primeiro é negar-se a si mesmo. Para ser pastores segundo Deus devemos fazer morrer o nosso ‘eu’ em favor da vida do rebanho. O povo de Deus tem um “faro infalível para reconhecer se o seu pastor está pronto a dar a vida pelo rebanho ou se, ao invés, vive voltado para si mesmo.”

O segundo passo consiste “no assumir a cruz. Cada bispo deve saber que o sigilo da cruz de Cristo não pode faltar em seu ministério de pastor, qual ‘selo de autenticidade’”.

O terceiro passo é colocar-se sempre um passo atrás do Senhor: “Um bispo não deve sentir-se autorizado a caminhar na direção que mais lhe agrada, quem sabe, exigindo de seus sacerdotes e de seus fiéis que lhe sigam mais como ‘cabras’ do que como ‘ovelhas’.”

“Na realidade, o bispo com seus colaboradores, sacerdotes, e povo são, juntos, chamados a se colocar atrás de Jesus, o único que nos leva ao Pai. Nesse percurso o bispo é chamado a caminhar à frente de todos, não para decidir o caminho autonomamente, mas, como o primeiro a seguir Cristo, e por primeiro fazer-se seu discípulo”, concluiu o cardeal.

Ademais, as palavras do Evangelho – “Se alguém quiser ser meu discípulo, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8,34) –, observou o secretário geral do Sínodo, ressoam eloquentes e “adquirem nesta concelebração eucarística um grande significado justamente aqui, junto ao Túmulo de Pedro”.

São palavras que Jesus pronunciou após ter convocado a multidão para torná-la testemunha “daquilo que Ele perguntava aos discípulos acerca da sua identidade e da sua missão”, recordou o purpurado.

“Esse envolvimento do povo é hoje percebido pela destinação universal da mensagem e pela compreensão específica da sequela Christi que o bispo é chamado a empreender e viver em seu ministério pastoral e eclesial”, explicou o Cardeal Baldisseri.

Como ensina a Lumen gentium (Constituição dogmática sobre a Igreja, ndr), o bispo “é vicarius Christi. Todo bispo é vicarius Christ para a porção do povo de Deus a ele confiada; e no exercício de seu tríplice munus de ensinar, santificar e governar, deve com humildade e espírito de serviço lançar o olhar para Cristo, o Pastor dos pastores, e aprender d’Ele a conduzir a Igreja, que a somente a Ele pertence”, observou ainda o secretário geral do Sínodo dos Bispos. (RL)








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