Igrejas, templos e mesquitas lado a lado


Dubai (RV*) - Amigas e amigos, saudações de paz e fraternidade das Arábias. Existem algumas perguntas que pessoas de diversas partes do Ocidente me fazem.

Como é morar num país islâmico?  Você está sendo perseguido por ser cristão? Estão matando muita gente ali?  Algumas até enviam a solução: “Volta para o Brasil!”.

Na verdade não há o que temer nos Emirados Árabes Unidos. Estamos num oásis de paz.

As Sete Monarquias surgiram da sabedoria sob a visão do Sheik Rashid e entenderam que a união faz a força. Entenderam também que para crescer, as pessoas precisam estar em paz.

O Sheik Rashid, em 1969, não acreditava que o homem tivesse pisado na superfície da Lua. Quando lhe mostraram as fotografias de um homem pisando, na areia do nosso satélite, acostumado a ver as paisagens desérticas de Ras Al-Khaimah, não ficou impressionado. Contudo permaneceu calado quando alguém lhe perguntou: “Sua Majestade pensa que tudo aquilo foi uma ilusão?”. Ficou em silêncio, pensativo.

No ano de 1971-1972, os Sete Emirados da região, independizaram-se do Reino Unido, e formaram o país dos Emirados Árabes Unidos.  O petróleo trazia muito dinheiro. Contudo ter dinheiro não era suficiente. Precisava desenvolver o país. Isso não poderia ser feito somente com habitantes locais.  Era necessária a contribuição de trabalhadores e profissionais de fora que seriam classificados como expatriados. Por expatriado entende-se uma pessoa que vem aos Emirados para trabalhar. Reside aqui enquanto executa o trabalho, mas não pode ser residente permanente ou cidadão do país.

Devido ao rápido crescimento, milhares de trabalhadores de, praticamente, todos os países do planeta, são contratados para trabalhar nos Emirados. O Sheikh Rashid percebeu ser necessário respeitar cada grupo com sua cultura, língua e religião. Entendeu que não poderia impor o ascetismo islâmico aos engenheiros, técnicos e outros professionais do Oeste do mundo. Optou pela flexibilidade. Permitiu regulamentar a entrada e o uso de bebidas, estabelecimentos de bares e casas de diversão para os não-islâmicos.

O lado religioso também precisava ser flexibilizado. Estava consciente de que os expatriados precisavam de locais para exercer o culto, de acordo com sua fé, sem impor a conversão ao islamismo. Generosamente, decidiu doar terrenos sobre os quais as religiões pudessem construir suas igrejas, templos e escolas.  Num subúrbio predeterminado, uma área foi dividida em diversos lotes. Cada religião solicitaria à municipalidade um pedaço de terra sobre o qual poderia edificar seu local de culto.

Com essa estratégia, todas as crenças têm seus templos, igrejas, santuários,*no mesmo local. Logicamente, por ser um país de confissão islâmica, a mesquita está sempre presente com seus minaretes, rasgando o céu.  Igrejas e templos não podem ser muito altos e imponentes. Campanários, edificações encimadas por cruzes não são bem-vindas.

Manifestações religiosas nas ruas, lugares públicos não existem nem para estrangeiros e nem para os muçulmanos.   Tudo se concentra dentro dos complexos das religiões. A verdade é que existe paz, entre as religiões e temos liberdade de viver nossa fé.

*Missionário Olmes Milani CS

Das Arábias para a Rádio Vaticano.








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