Religiosas mártires são beatificadas na Espanha


Madrid (RV) – A Igreja tem três novas Beatas. Trata-se de três religiosas espanholas do Instituto de São José de Gerona, mortas in odium fidei durante a Guerra Civil espanhola de 1936. O Prefeito da Congregação das Causa dos Santos, Cardeal Angelo Amato, representou o Pontífice na cerimônia.

Irmã Fidela Oller, Irmã Josefa Monrabal Mantaner e Irmã Facunda Margenat, três enfermeiras do Instituto de São José de Gerona, fundado em 1870 pela Venerável María Gay Tibau. Escolheram dedicar toda a sua vida à assistência aos doentes. Neles, viam o rosto de Jesus crucificado. Três religiosas simples – afirmou o Cardeal Amato – envolvidas na sangrenta perseguição anticristã que atingiu a Espanha no verão de 1936, durante a qual foram mortos mais de dez mil católicos, entre os quais mais de seis mil bispos, sacerdotes e religiosos, assassinados pelo simples fato de serem religiosos. Mais de 70% das igrejas espanholas foram destruídas.

A vida das religiosas de desenvolvia no anonimato dos corredores dos hospitais e nas casas onde os doentes solicitavam cuidados e conforto. Ali viviam “com sacrifício e alegria, disse o purpurado, Não faziam o mal, somente o bem. Eram inocentes, não representavam ameaça para ninguém”. A violência e o ódio da perseguição tirou as suas vidas no silêncio. Os milicianos republicanos, de inspiração marxista, seviciaram e mataram as três irmãs em agosto de 1936: Irmã Fidela, 67 anos, Irmã Facunda, 60 e Irmã Josefa, 35. As três morreram perdoando os seus assassinos. Estão entre as primeiras mártires da Guerra Civil espanhola. O Cardeal Amato assim recordou as suas mortes:

“No início da perseguição de 1936 os milicianos entraram no convento, expulsaram as religiosas e destruíram a casa, queimando a capela com tudo o que havia dentro, quadros, imagens, livros. Irmã Josefa se refugiou junto a seus familiares, levando também Irmã Fidela, também ela em perigo. Na noite de 28 de agosto de 1936 os milicianos levaram as duas irmãs próximo ao vilarejo de Xeresa, onde as seviciaram e mataram”.

RV: E Irmã Facunda?

“Irmã Facunda permaneceu na casa de um doente grave, Joaquín Morales Martín, à pedido da família dele. A porteira do imóvel, porém, denunciou a sua presença aos milicianos, os quais, na noite de 26 de agosto de 1936, a levaram, a jogaram pela escada e a arrastaram ferida e ensanguentada até um caminhão. Levada a um local chamado Hipódromo, a assassinaram. São estas as histórias das três mulheres humilhadas e ofendidas pela loucura dos carnífices. O ser humano, quando não é guiado pela luz da verdade, perde a razão e comete ações ignóbeis”.

RV: O que a Igreja quer celebrar com esta beatificação?

“A mãe Igreja celebra estas suas filhas heroicas não por rancor ou por vingança pelos carnífices, mas para dar graças a Deus pela coragem de seus testemunhos. Elas tiveram a sabedoria de considerar a vida terrena como o prelúdio da vida eterna”.

RV: Também hoje os cristãos são perseguidos...

“Ainda nestes dias os cristãos são a minoria mais perseguida no mundo, mas são aqueles de quem a mídia fala menos. Algumas estatísticas revelam que os cristãos mortos por causa direta ou indireta de sua fé são mais de 100 mil por ano, ou seja, um a cada cinco minutos. Isto nos recorda que os cristãos são chamados em todas as épocas a dar testemunho de fidelidade e de coragem. Não se trata – ao menos para aqueles que vivem em sociedades livres e pacíficas – do testemunho supremo, com o sacrifício cruento da própria vida. Trata-se, isto sim, do testemunho de fidelidade a Jesus, da comunhão com ele, da escuta de sua palavra de vida e da verdade”.

RV: Qual mensagem os três mártires deixam às suas irmãs espalhadas no mundo?

“Às tantas Irmãs de São José de Gerona espalhadas no mundo – na Espanha, em Ruanda, Venezuela, México, Colômbia, Itália, França, Argentina, Guiné Equatorial, Camarões, República Democrática do Congo, Equador, Peru – as mártires recordam para permanecerem fieis aos valores humanos e cristãos do carisma de fundação do Instituto: respeito pela vida, atenção integral ao doente, testemunho evangélico integral. São valores fortes que requerem esforço cotidiano e sacrifício contínuo. São valores, porém, que constituem o melhor antídoto contra o vírus micidial da preguiça, da indiferença, da desumanidade”. (JE)








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