2015-09-03 16:29:00

UNICEF: libertadas na RCA outras 163 crianças-soldado


Continua na República Centro-Africana a libertação de crianças-soldado por grupos armados. Outras 163 crianças, entre as quais cinco meninas, foram liberadas pela milícia anti-Balaka, durante uma cerimónia na cidade de Batangafo, na parte ocidental do país. O anúncio foi dado no passado 29 de agosto por um comunicado da UNICEF: desde o mês de maio o actual processo de desmobilização, que se conseguiu graças a um acordo assinado por 10 grupos armados que operam no país, resultou na libertação de 645 menores. Maria Caterina Bombarda entrevistou o presidente da UNICEF-Itália, Giacomo Guerrera:

A situação do País é esta: existem entre seis a dez mil crianças detidas por estas milícias armadas, por motivos diversos, directamente envolvidas nos combates, ou utilizadas para diferentes serviços. Esta é uma situação grave para qual nós intervimos através do diálogo, tentando convencer estas milícias a libertar as crianças. Procuramos sobretudo convencer o governo. Fizemos isso e o resultado é este: de maio para cá, foram libertadas mais de 600 crianças e "adquiridas" por nós, levadas para centros onde é possível ajudá-las a superar o momento inicial.

Em que condições são libertadas essas crianças e que consequências tem para o seu presente, o seu futuro, o facto de terem sido crianças-soldado?

As Crianças são libertadas numa situação bastante difícil, eu não quero usar termos mais pesados. São libertadas porque eles são forçados a fazê-lo, porque fazemos com muita pressão as solicitações para libertá-las. As crianças são libertadas e imediatamente inseridas em centros onde, juntamente com os nossos psicólogos e profissionais de saúde, tentamos pô-los em condições de recuperar uma vida normal, através da educação e os primeiros cuidados que é possível dar a pessoas e crianças que se encontram nestas condições.

Quanto à recuperação das crianças-soldado, concretamente os primeiros passos a fazer juntamente com pessoas experientes e adultos ...

A questão é mesmo essa. Não se pode improvisar. Ai de nós se improvisarmos nessas coisas! Ai de nós se fizermos de maneira superficial esse tipo de intervenção! Nós o fazemos com pessoal qualificado, que procura entender qual é a situação da criança naquele momento, porque é só dessa maneira que pode acontecer  a recuperação. Fazemos assim e temos tido grande sucesso, também graças às possibilidades que conseguimos reunir com a generosidade de muitos - também italianos - que acreditam na nossa intervenção.

Esta libertação pode ser considerada uma das muitas vitórias que tiveram lugar depois da assinatura de um acordo, há três meses atrás, por dez grupos armados que visava a libertação de menores. Que papel teve a UNICEF neste contexto?

Nesta situação, a UNICEF teve desempenhou um papel importante. Fomos os mensageiros daqueles que são os direitos fundamentais previstos pela Convenção internacional sobre os Direitos infância: pedimos que um País que tenha ratificado a presente Convenção não pode permitir a existência dentro dele de tais situações. Fizemos pressão sobre os grupos armados, mas também sobre o governo local, e obtivemos resultados.

Quer lançar um apelo à comunidade internacional?

Sim, gostaria de fazer um apelo aos italianos, para que nos dêem ainda mais apoio com a sua ajuda pelos projectos que desenvolvemos. Quero dizer à comunidade internacional que estes actos de violência contra a criança têm as pernas curtas, não vão para além de um período limitado. Nisto nós queremos colocar o acento, porque estamos empenhados a fazer voltar atrás todas estas situações de violência contra as crianças. (BS)








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