Crônica: Insanidade demográfica nos Emirados Árabes


Dubai (RV*) - Amigas e amigos da Rádio Vaticano, recebam uma saudação fraterna das Arábias.

Em todo mundo, é notório o impressionante desenvolvimento econômico dos Emirados Árabes Unidos, nas décadas recentes. O setor mais badalado talvez seja a exuberância e unicidade das construções que rapidamente surgem, nesta região de clima desértico.  A ousadia dos criadores de uma “pérola capitalista” também projetou aqui ambientes tropicais, equatoriais e mesmo glaciais. Nada de se admirar se algum brasileiro vê, pela primeira vez, a reprodução da floresta Amazônica em Dubai, um norte americano praticando esqui, num pais onde a temperatura passa dos 40 graus, ou que um cidadão boliviano venha ver a maior coleção de borboletas do mundo, no Oriente Médio.

Existe uma situação única nos Emirados Árabes Unidos quanto à população. É difícil encontrar pessoas das etnias originais do sudoeste da Península da Arábia, conhecidas como emiratis. Em todo país somente 11% são cidadãos locais. Somente 1.084.764 dos 9.577.000 habitantes são emiratis.

 A cidade de Dubai surpreende ainda mais. Fala-se que 95% dos dubaienses são estrangeiros. Dos 2.200.00 habitantes, um pouco mais de 100.000 são cidadãos daqui.

A Cultura do Golfo Pérsico que caracterizava o bairro Creek foi engulida pela globalização. As Culturas do Sudeste Asiático iluminam suas lojas e restaurantes com lâmpadas LED. Os passeios estão cheios de pessoas de rostos pardos e cabelo preto. Marinas e campos de golf  recebem australianos e norte-americanos. Musica popular do Cairo e Beirute sao ouvidas em todas as esquinas enquanto a moda árabe dá seu colorido às ruas.  Iranianos conversando em farsi, pessoas com cachecol de Teeran fazem parte das cenas do bairro.  Etíopes vendendo relógios falsificados, filipinos vestindo shorts e trabalhadores chineses e prostitutas completam a multidão com seus rostos e culturas.

As únicas pessoas invisíveis são os emiratis. Retiram-se para os subúrbios, dentro de suas mansões cercadas por muros. Sua proverbial hospitalidade foi substituída pelo isolamento. Sua música típica, danças, cozinha praticamente despareceram. A maioria dos expatriados nunca teve uma conversa significativa com um cidadão dos Emirados Árabes Unidos.

Dubai não é somente uma cidade de estrangeiros, mas de homens. Menos de um quarto da força de trabalho é feminina. A cidade precisa de um toque feminino, mas com a febre da indústria da construção, a situação parece continuar com o aumento de expatriados e o desequilíbrio dos gêneros masculino e feminino. 

 A enorme massa de expatriados que permite manter o ritmo de crescimento, já é visto como uma questão de segurança nacional e coloca em perigo, a Família Real. “Tenho medo que estamos construindo torres e perdendo os emirados”, afirmou um oficial do governo. Estamos numa encruzilhada. Se não forem tomadas medidas imediatas, desapareceremos no meio dos estrangeiros,” acrescentou.

Para complicar mais as coisas, todos os filhos de estrangeiros, mesmo que a mãe seja cidadã local e o pai de outro país, não recebem cidadania dos Emirados Árabes Unidos. Muitos ficam sem nacionalidade e outros recebem a nacionalidade dos pais.

É fato incontestavel que os expatriados, morando aqui, construiram o país. Estrangeiros de segunda e terceira gerações moram aqui, sem ligação com os países de seus antepassados.

Se chegar o dia em que seja concedida a ciadania aos estrangeiros, os Emirados Árabes Unidos poderão ser um país multiétcnico como o Brasil e os Estados Unidos.

Amigas e amigos, o grande problema dos seres humanos é que não aceitamos as diferenças e não partilhamos o que temos.

“O coração conhece suas próprias amarguras; o estranho não pode partilhar de sua alegria.”

Provérbios - 14:10

Até a próxima.

*Missionário Olmes Milani, das Arábias para a Rádio Vaticano.








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