Igreja cubana quer contribuir no diálogo Cuba-EUA


Havana (RV) - A Igreja Católica em Cuba se sente "feliz" com a aproximação com os Estados Unidos e quer colaborar para que ambos os povos possam se relacionar da maneira mais "plena possível". Foi o que declarou em uma entrevista o Bispo Auxiliar de Havana, Juan de Dios Hernández, membro da comissão que prepara a visita do Pontífice à ilha em Setembro.

Quando existem “pontes” a Igreja cresce

"A Igreja se sente realmente muito contente  sempre que acontece uma realidade assim, sempre que dois povos divididos se unem”, afirmou o prelado. Para ele, "sempre que houver pontes e não muros, sempre que houver a possibilidade para sentarmos e conversar, a Igreja cresce", sublinhou,  recordando que a missão da Igreja consiste, entre outras coisas, em assegurar que "cada povo alcance a maior unidade possível com o resto das nações".

Aproximação Cuba-EUA

A viagem do Papa Francisco à ilha se realizará em um momento histórico, em pleno processo de restabelecimento das relações com os Estados Unidos, depois de mais de 50 anos de inimizade, uma reviravolta diplomática que contou com o apoio e a mediação do Vaticano e do Pontífice. "Não é estranho para nós de que o Papa tenha interferido, como realmente o fez, para que estes dois povos tão próximos se unissem novamente e acredito que continuará fazendo isto”, avaliou.

Missão da Igreja

Nesse sentido, Dom Hernández reconhece que nesta visita pastoral do Papa, que depois Cuba irá aos EUA, é "indiscutível" que entra a missão da Igreja, chamada a "agir nas diferenças, a tentar lançar pontes entre as realidades que tenham sido divididas e apostar no diálogo". “Acredito que é algo intrínseco à missão da Igreja – completou - colaborar para que a proximidade entre os povos seja cada vez maior”.

Dom Hernandez acredita que a aproximação entre Washington e Havana também terá reflexos na vida da Igreja, na medida em que os dois povos terão "maiores possibilidades de intercâmbio", "de que nossas famílias avancem mais nisto que tanto dói a todos, na nossa própria pele, que é a divisão, e o fato mesmo de que deixemos de nos insultar e possamos conversar”. Concluindo, considera que se o povo se beneficia desta nova etapa das relações, também a Igreja se beneficiará”.

Avanços na relação entre Governo e Igreja

A visita do Papa Francisco ao país – observa o prelado – se realiza em um momento em que "cada vez mais o governo cubano entende o papel da Igreja" e o diálogo entre os dois são "construtivos. Para ilustrar esses avanços ocorridos, menciona o fato de que o governo cubano permitiu a construção de novas igrejas e vem devolvendo à Igreja Católica, de forma "gradual", alguns templos e imóveis que foram desapropriados nos primeiros anos após a revolução de 1959. Outro fato destacado pelo prelado é a autorização para que religiosas prestem assistência aos enfermos nos hospitais e que a Igreja possa abrir espaços para atender pessoas da terceira idade, visto o progressivo envelhecimento da população.

Não obstante os avanços ocorridos, Dom Fernández considera que esta relação pode avançar ainda mais. Como exemplo, fala das restrições ainda existentes para a atuação da Igreja na área da educação e dos meios de comunicação. (JE/Herald)








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