2015-08-15 15:32:00

Cuba: reaberta a embaixada dos EUA em Havana


Depois de 54 anos de conflito diplomático, a bandeira norte-americana volta a ser içada em Cuba. A embaixada dos Estados Unidos da América em Havana foi reaberta ao mais alto nível com a presença do Secretário de Estado norte-americano John Kerry nesta sexta-feira dia 14 de agosto.

“Não mais rivais ou inimigos, mas vizinhos” – esta a principal afirmação de Kerry que colheu o essencial da atmosfera do momento ao tornar-se, ele próprio, o primeiro chefe da diplomacia de Washington a pisar solo cubano desde o ano de 1945.

Nos agradecimentos de Kerry a todos os que contribuíram para este acontecimento, no topo da lista estava o Papa Francisco e o Vaticano. John Kerry no seu discurso referiu-se também ao futuro imediato dizendo que Cuba deverá honrar os seus compromissos em matéria de direitos humanos tendo afirmado que o país estará melhor servido por uma “democracia genuína”.

Juntamente com os compromissos em matéria de direitos humanos que Cuba deverá cumprir, caberá também aos Estados Unidos uma importante decisão que é aquela da revogação do embargo que ainda vigora em relação a Cuba, e que é um passo que só o congresso norte-americano poderá decidir.

Para uma reflexão sobre a situação atual das relações entre Cuba e os EUA a Rádio Vaticano entrevistou Mario del Pero, professor de relações internacionais no Instituto de Estudos Políticos de Paris, que considerou que esta aproximação dos EUA a Cuba trata-se de uma opção política para não permitir o isolamento dos norte-americanos no contexto da América Latina:

“Eu creio que o processo deve ser lido primeiramente nesta chave: a administração Obama e os Estados Unidos, encontraram-se cada vez mais isolados no que diz respeito à questão cubana. A rigidez de Washington prejudicava a posição no panorama latino-americano e colocava em dificuldade as relações dos Estados Unidos. Abrir a Cuba serve também para trazer outra vez os Estados Unidos para o centro da cena na região e relançar relações com alguns países como o Brasil para evitar que os Estados Unidos fiquem isolados nas Américas.”

“ Aquilo que se abriu, em certa medida, é um processo irreversível. É claro que 50 anos de recíproca e absoluta hostilidade lançam hoje uma herança pesada de desconfiança, de antagonismo, talvez mesmo cultural, antes mesmo de político. Vai ser preciso muito tempo para supera-lo. Será preciso ligar Cuba cada vez mais à economia americana, fazendo com que os EUA e os investidores norte-americanos, possam contribuir para o desenvolvimento económico, desde logo, em primeiro lugar, através do turismo.

Recordamos que o Papa Francisco visitará precisamente estes dois países do continente americano, Cuba e EUA, de 19 a 27 do próximo mês de setembro.

(RS)

 








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