Card. Comastri: Papa coloca o Jubileu sob o manto de Maria


Cidade do Vaticano (RV) – Na Solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria ao Céu, o Papa Francisco recitou o Angelus ao meio-dia com os fieis reunidos na Praça São Pedro. Sobre a importância desta festa e a ligação entre Jorge Mario Bergoglio e a Mãe de Deus, a Rádio Vaticano entrevistou o Vigário Geral do Papa para o Estado da Cidade do Vaticano, Cardeal Angelo Comastri:

“Hoje esta festa é particularmente atual, também para a atual sociedade e para o momento em que estamos vivendo. Existe um grande culto ao corpo, uma idolatria do corpo, mas infelizmente separado da alma. É da alma bela que parte a beleza do corpo! Maria era bonita por dentro, Maria era bonita nos seus sentimentos, Maria era bonita na sua humildade, Maria era bonita na sua generosidade, Maria era bonita na sua dedicação total a seu Filho, ao Salvador, e é esta beleza que aflorou no corpo e justificou a sua assunção. Ora, o Papa sabe de tudo isto. O Papa o sabe e o vive – poderíamos assim dizer – com a simplicidade de uma criança e este é um fato muito bonito, do qual podemos tirar grandes ensinamentos. O Papa frequentemente faz referências à avó, pois deveria ser, em casa, um elo da tradição de fé – o ensinou a rezar – uma personagem de referência da sua infância, da qual recebeu seguramente também o amor por Nossa Senhora”.

RV: A devoção mariana de Francisco, justamente, nasce quando ele era criança. Pensemos na Virgem de Luján, na Argentina. Vemos isto também no modo como o Papa fala de Maria, de uma forma simples, filial, como se fala em família da mãe...

“Certamente. O Papa expressa a sua devoção a Nossa Senhora, poderíamos dizer, nas formas mais simples. Ver o Papa que, quando volta de uma viagem, vai levar um buquê de flores na Santa Maria Maior. Este fato, por si só, já fala de sua simplicidade. E sendo simples, fala: fala logo ao coração, transmite logo a mensagem e nos diz com extrema clareza que o Papa se sente um filho agarrado à mãe, um filho que tem necessidade de contar à mãe a sua história, as suas viagens, as suas lutas, os seus esforços. Este é o sentido daquele buquê de flores que ele deixa sobre o altar”.

RV: Pessoalmente, o que lhe toca mais na devoção que Francisco tem pela Virgem?

“Muitas vezes eu refleti sobre uma devoção típica que o Papa levou a Buenos Aires e depois levou ao mundo: a devoção a “Nossa Senhora Desatadora dos nós”. Quem não tem algum nó em sua vida? Quem não tem um nó para desatar? Assim é bonito imaginar a mãe como aquela que pega um emaranhado e que, com paciência, tenta desfazê-lo, desvendá-lo e de fazer retornar à beleza da vida normal. Da vida que todos nós gostaríamos de viver. Eu penso a um particular da vida de Nossa Senhora: Maria em Caná. Um matrimônio, um nó: faltou vinho. E Maria desata o nó. Mas o faz com uma delicadeza extrema. Maria se dirige a Jesus e não diz: “Deves fazer um milagre!”, não. O estilo de Maria é o da delicadeza, o estilo da humildade. Simplesmente diz: “Filho, eles não têm mais vinho”. A resposta de Jesus é uma resposta que seguramente Nossa Senhora, naquele momento, não pode entender com toda a profundidade e era uma prova de fé também para ela: “Ainda não chegou a minha hora”. Maria entendeu sucessivamente qual era a hora da qual falava Jesus naquele momento; mas a sua resposta é de uma beleza extraordinária. Maria não se desencoraja. Diz aos servos, simplesmente: “Façam o que ele vos mandar”. E este abandono simples, humilde é o terreno no qual floresce o milagre”.

RV: O Ano da Misericórdia terá início, por decisão do Papa Francisco, no dia 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição. O Papa coloca este Jubileu, neste sentido, sob o manto de Maria....

“A Imaculada é o projeto inicial de Deus. Deus nos queria todos imaculados, puros dentro, e esta beleza original que, agora veio a faltar na história pelo pecado humano, recomeçou com Maria. Abrindo o Jubileu da Misericórdia no dia da Imaculada, o Papa nos diz: “Este é o sonho de Deus”, e podemos todos dar um passo para nos aproximar do sonho de Deus. Deixemo-nos conduzir por Maria. Deixemo-nos levar por ela: Maria nos indicará o caminho da misericórdia, o caminho no qual podemos recuperar todos a beleza que perdemos. Deus está pronto; a porta está aberta, entremos!”. (JE)








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