Dubai (RV*) - Amigas e amigos da Rádio Vaticano, é com desejos de paz e felicidade que os saúdo de Dubai, a pérola do Golfo Pérsico.
Com certeza, ao ouvir a palavra pérola, muitos lembram o trecho do Evangelho de Mateus, 13,45-46, no qual nos é apresentado o negociante à procura de pérolas preciosas. Desde a antiguidade, as pérolas atraiam as pessoas pela sua beleza e a possibilidade de lucros vultosos para quem se dedicava ao seu comércio.
O Golfo Pérsico, com suas águas rasas, leito arenoso com gramíneas marinhas é o viveiro ideal para a formação de pérolas da melhor qualidade e as conhecidas pérolas do Oriente Médio.
A pérola, designada também como margarida, é um material orgânico duro e geralmente esférico, produzido por alguns moluscos, especialmente as ostras. A formação da pérola sucede quando um grão de areia ou um verme penetra a concha da ostra que, para auto proteger-se, emite camadas contínuas de uma substância chamada nácar ou madrepérola. Esta substância envolve o elemento intruso milhares de vezes. Finalmente, em três anos, mais ou menos, a pérola na ostra se revela pronta e polida. É tão misteriosa e maravilhosa que para muitos parece um milagre da natureza.
O hábitat das ostras que produzem as cobiçadas pérolas, porém, era de difícil acesso até há um século atrás. Catadores dessas joias, a bordo de barcos, chegando ao lugar designado, com uma corda ao redor da cintura, uma bolsa de couro presa no pescoço, uma pedra numa das pernas e um clipe nasal, mergulhavam até o leito do mar, tentando recolher a maior quantidade possível de ostras.
De volta ao barco depois de dois minutos, a bolsa do mergulhador era esvaziada e as conchas abertas, na esperança de que as pérolas saltassem aos olhos. Apesar da grande quantidade de conchas, poucas continham as desejadas pérolas. Mas, como cada mergulhador visitava o fundo do mar até 30 vezes num dia, a quantidade de pérolas era considerável. Isso permitiu que em Dubai houvesse riqueza e bem estar.
Contudo, dias sombrios viriam pela frente. O comércio das pérolas floresceu até o tempo em que os ingleses, protetores dos reinos do Golfo, impuseram que a captação seria feita pelos súditos dos xeques com técnicas locais e o comércio seria feito pela Índia. O isolamento imposto pelos britânicos e a proibição de introduzir novas técnicas foram desastrosas para as economias do Golfo.
Os problemas não pararam por aqui. A recessão econômica de 1929 e a invenção do cultivo artificial de pérolas, por parte dos japoneses, provocaram a extinção das atividades relacionadas com as pérolas, em Dubai.
Eliminada a fonte de riqueza, a população passou fome, viveu na miséria e toda espécie de carências de 1930 a 1940. A única alegria de seus habitantes eram as nuvens de gafanhotos que chegavam com frequência. Os insetos eram capturados, tostados e saboreados como se fossem batatas fritas.
Amigas e amigos, Dubai foi vítima de uma terrível armadilha da ganância e das dominações de colonizadores. Sua história nos faz lembrar que: “O Senhor será sua segurança e o impedirá de cair em armadilha”(Pv 3,26)
*Missionário Olmes Milani CS, das Arábias para a Rádio Vaticano.
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