Melhor entender a experiência pentecostal, diz Dom Brian Farrell


Roma (RV) – Concluiu-se esta sexta-feira (17/07) em Roma a quinta sessão do Diálogo católico-pentecostal, que teve por tema os carismas na Igreja. Os trabalhos foram coordenados, do lado católico, pelo Bispo de Raleigh (Estados Unidos) Dom Michael F. Burbidge, e da parte pentecostal, pelo Rev. Cecil M. Robeck (Assembleia de Deus, EUA). A este respeito a Rádio Vaticano conversou com o Secretário de Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristã, Dom Brian Farrell:

“É a continuação de um diálogo que se realiza há quase 30 anos. Desta vez foi examinada a importância e o papel dos carismas na vida da Igreja. Foi um diálogo muito interessante, franco e também frutuoso. Quase chegamos ao ponto de ter um documento final que sintetiza cinco anos de diálogo”.

RV: O que se pode esperar deste documento?

“Entende-se que este documento seja uma base de estudo para uma compreensão recíproca. Assim, a Comissão deve apresentar uma reflexão que depois deve ser retomada em todas as nossas faculdades, em nossos grupos, associações locais.... Este é o fruto do diálogo”.

RV: Quais são os progressos concretos que foram feitos neste diálogo?

“O ponto fundamental é entender sempre melhor o fenômeno, a experiência pentecostal – para nós católicos não é fácil entender este modo de viver o Evangelho – e a partir disto passar para um novo nível de respeito recíproco e compreensão, buscando seguir em frente para uma colaboração sempre mais intensa”.

RV: Quais são as principais características da espiritualidade pentecostal?

“Antes de tudo, o sentido da presença e da ação direta de Deus na vida também do indivíduo. Isto é evidente também no seu modo de rezar e de entender as inspirações que constantemente dirigem a vida do cristão. Depois, um sentido de missão, isto é, de dever comunicar sempre a mensagem do Evangelho, porque têm um sentido muito vivo do fato que sem Cristo não se é salvo”.

RV: Houve um impulso particular no diálogo com os pentecostais com o Papa Francisco?

“Certamente, também ele traz uma novidade que é o seu modo de viver o cristianismo como experiência e não somente como doutrina. Isto o entendem muito bem e sentem uma proximidade particular”.

RV: Os pentecostais são sempre mais numerosos no mundo, como os carismáticos católicos...

“Acredito que isto corresponda ao fato que as pessoas hoje sentem a necessidade de uma verdadeira espiritualidade que supere aquele cristianismo intelectual que reduz tudo a uma fé de doutrinas a serem aceitas ou não. O homem de hoje tem necessidade de experimentar a presença, a graça de Deus, a vida concreta, e isto os pentecostais e os carismáticos católicos ou os cristãos sentem vivamente e transmitem na sua alegria e no seu sentido de comunidade”.

RV: Este diálogo, como se insere no diálogo mais amplo com o mundo protestante?

“É necessário distinguir dois tipos de mundo com os quais dialogamos, ou seja, o mundo das Igrejas históricas, com quem temos tantos elementos em comum e temos a mesma história, e todo este mundo novo dos pentecostais, dos carismáticos, uma nova forma vital de viver em modo autêntico o Evangelho na vida concreta. Estes são os dois modos de construir o diálogo, porque as bases e os pontos comuns são diferentes”.

RV: Uma nova esperança no caminho da unidade dos cristãos?

“Sim, nós trabalhamos para que possamos superar as divergências e rivalidades que por séculos caracterizaram as relações entre as Igrejas. Agora procuramos construir pontos de fraternidade e de compreensão que levem, após, à colaborar, pois existe tanto trabalho a ser feito juntos neste mundo secularizado”. (JE)

 








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