Metropolita Zizioulas: Laudato si é apelo ao ecumenismo


Roma (RV) - “A Encíclica ‘Laudato si’ é  um apelo ao ecumenismo existencial”, foi o que disse o Metropolita de Pérgamo, John Zizioulas, representante do Patriarcado Ecumênico e da Igreja Ortodoxa, numa entrevista ao diretor da revista jesuíta “La Civiltà Cattolica”, Pe. Antonio Spadaro.

O bispo ortodoxo, que foi um dos relatores na coletiva de apresentação da encíclica do Papa, em 18 de junho, na Sala Nova do Sínodo, no Vaticano, sublinha que “diante dos grandes problemas da humanidade e do Planeta, as nossas diferenças e divisões se relativizam”. “Existem em algumas questões um ecumenismo já realizado. A encíclica é realmente um chamado à unidade dos cristãos, à oração comum e conversão de nossos corações e nossos estilos de vida que se tornaram insustentáveis”, sublinhou. 

A crise ecológica é sobretudo um problema espiritual

“A crise ecológica é essencialmente um problema espiritual. A encíclica diz isso com clareza. Com o pecado original a relação correta entre o homem e o seu meio ambiente natural se rompeu. Esta ruptura é o pecado, o pecado ecológico que é individual e social. Quem pensa na própria salvação deve considerar o pecado ecológico fruto da avidez humana”, disse ainda Zizioulas.
 
O Metropolita de Pérgamo sublinhou o grande compromisso do Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, em relação ao temas sobre o ambiente e lembra que, em 2002, junto com João Paulo II, foi assinado um documento comum, a Declaração de Veneza, “em que os dois líderes religiosos manifestaram sua preocupação pela tutela de nosso Planeta, ameaçado pela atual crise ecológica”. “Em nome do Patriarca ecumênico, manifestei ao Papa Francisco a grande gratidão do mundo ortodoxo por ter elevado a sua voz crível neste momento crítico da história da humanidade”, frisou o metropolita.

Ambiente e justiça social centrais no ecumenismo

“As Igrejas devem buscar a sua unidade não somente em relação ao passado, mas também em relação às condições atuais em que vivem. As necessidades reais da humanidade devem ser levadas em consideração no ecumenismo existencial, e isso significa que problemas como justiça social e salvaguarda da criação devem ter um lugar central nas relações ecumênicas”, ressaltou Zizioulas.

“A ecologia não é preservação, mas desenvolvimento”, disse ainda ele. O metropolita relança a sua proposta para que os cristãos possam ter uma data comum para rezar pela Terra. 

“O Patriarcado Ecumênico de Constantinopla decidiu em 1989 dedicar o dia primeiro de setembro à oração pelo meio ambiente. Nesse dia, nós rezamos pela Criação também com orações escritas por um hinógrafo do Monte Athos. Seria um sinal, se essa data tivesse valor para todos os cristãos”, concluiu o Metropolita de Pérgamo. (MJ)  








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