Dom Tomasi: Acordo com Irã abre caminho para solução da crise síria


Genebra (RV) – O acordo sobre o programa nuclear iraniano assinado na noite de segunda-feira (13/07), após vinte meses de tratativas e 12 anos de impasses, foi visto positivamente pela Santa Sé. Sobre este importante resultado obtido, a Rádio Vaticano conversou com o Observador Permanente junto ao Escritório da ONU em Genebra, Arcebispo Silvano Maria Tomasi:

“Nas dificuldades atuais que vemos em várias partes do mundo, em que explode continuamente a violência, ver a paciência e o uso do raciocínio e da boa vontade para levar em frente um compromisso político e operativo, pode realmente abrir o caminho para uma esperança de que também outras situações escabrosas possam encontrar uma solução”.

RV: Após uma longa tratativa e 12 anos de impasse, este acordo demonstra que o diálogo é um caminho sempre aberto…

“O fato de que os membros do Conselho de Segurança e Irã tenham assinado o acordo, que de qualquer modo acomoda os interesses das duas partes, me parece um grande passo em frente. Especialmente, porque indica, antes de tudo, que o diálogo é vencedor sobre a violência e, em segundo lugar, que existe a esperança de que agora, de uma forma ou outra, se possa levar em frente isto no esforço de encontrar um modo para colocar fim na violência na Síria”.

RV: Portanto, um passo em frente e um acordo que abre novos cenários no Oriente Médio?

“A ideia é que o Irã é uma parte integrante do diálogo e nas negociações que podem levar em frente a paz, ou ao menos, à cessação imediata da violência no Oriente Médio e, em particular, no que diz respeito à Síria, encontrar uma resposta comum, coordenada e razoável por parte da comunidade internacional ao misterioso Estado Islâmico, que traz somente mal e consequências negativas não somente na região, mas também em outras partes do mundo”.

RV: Justamente neste momento histórico, em que o autoproclamado Estado Islâmico apresenta o rosto deturpado do Islã, este diálogo promovido pela República Islâmica, propõe um modelo diferente e importante….

“Neste momento, mesmo que ainda existam reservas – porque devemos esperar que não existam obstáculos por parte do Congresso estadunidense à aprovação deste acordo – me parece que o caminho tomado seja o correto. Neste momento temos necessidade, sobretudo no Oriente Médio, de abrir a esperança e de fazer em modo que os esforços que a comunidade internacional está realizando - também por meio do encarregado do Secretário Geral das Nações Unidas para levar a uma negociação os vários representantes e as várias forças presentes na Síria – possam encontrar uma resposta positiva”.

RV: A via traçada pelo Irã pode ser importante também para outros países islâmicos….

“Certo, permanece uma dificuldade de fundo que é a da competição que existe no Oriente Médio para ter uma prevalência na influência política e religiosa por parte dos sunitas ou dos xiitas. Esta competição permanecerá, porém não deve transformar-se necessariamente em um conflito armado ou em uma desculpa para armar outros atores não estatais que levam somente destruição e morte. É possível, com paciência e com boa vontade,  buscar um caminho comum que leve em consideração os interesses políticos e econômicos das várias partes em questão, de forma a poder se chegar a soluções razoáveis e aceitáveis”.

RV: A Santa Sé acolhe em modo positivo este acordo. Como acompanhará os ulteriores esforços necessários para concretizar o que foi definido no acordo?

“Agora, não existe outra coisa a fazer que desejar e rezar para que este sinal de boa vontade, indicado e expresso neste acordo, possa amadurecer e ser aplicado de maneira construtiva e em maneira justa”. (JE)








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