2015-07-13 09:35:00

Semana do Papa Especial América Latina


Nesta edição da rubrica Semana do Papa, faremos uma síntese dos principais encontros e celebrações do Santo Padre na sua Viagem Apostólica à América Latina visitando o Equador, a Bolívia e o Paraguai.

Dia 6

Equador

Desde Roma até à cidade de Quito, capital do Equador, foram 13 horas de viagem para dar início a uma visita do Santo Padre para a qual se apresentou como “testemunha da misericórdia”. Foi acolhido no Equador pelo presidente, Rafael Correa e pelas instituições do país, a Igreja local e os fiéis.

E foi pela porta da misericórdia que o Papa Francisco entrou na América Latina. No dia 6 de julho, o Santo Padre, antes da celebração eucarística em Guayaquil, visitou o Santuário da Divina Misericórdia. Foi acolhido por uma multidão em festa e ali esteve em oração.

Depois dirigiu-se para o Parque de Los Samanes, para a Eucaristia que juntou mais de 1 milhão de fiéis:

Recuperar a alegria da família é possível com a ajuda de Maria – foi este o forte apelo do Santo Padre numa homilia em que falou das tantas realidades feridas na família. Como nos narra o Evangelho no episódio de Caná, quando faltava o vinho, Maria está atenta a todas as situações: “é mãe” e “dirige-se com confiança a Jesus” e ensina-nos a pôr as nossas famílias nas mãos de Deus.

Se confiarmos em Deus e com a ajuda de Maria, pode acontecer o milagre de recuperarmos “a alegria da família, a alegria de viver em família”.

Dia 7

No dia 7, terça-feira, na homilia na Missa no Parque do Bicentenário da Independência em Quito, no Equador, o Papa Francisco clamou pela necessidade de agir a favor da inclusão a todos os níveis:

“ Daí a necessidade por lutar pela inclusão a todos os níveis, evitando egoísmos, promovendo a comunicação e o diálogo, incentivando a colaboração”.

O Papa Francisco convidou os cristãos a serem testemunhas da comunhão fraterna deixando agir em si toda a potência do amor que é o Espírito de Deus. Porque esta é a nossa revolução “a nossa fé sempre é revolucionária – este é o nosso profundo e constante grito – afirmou o Papa. 

No final da tarde de terça-feira dia 7 de julho o Papa Francisco esteve na Universidade Católica do Equador, na cidade de Quito, para um encontro com o mundo da escola e da universidade.

O Santo Padre no seu discurso renovou o seu apelo em favor da defesa da mãe terra:

“Uma coisa é clara: não podemos continuar a virar as costas à nossa realidade, aos nossos irmãos, à nossa mãe terra. Não nos é lícito ignorar o que está a acontecer à nossa volta, como se determinadas situações não existissem ou não tivessem nada a ver com a nossa realidade.”

Depois do encontro na Universidade Católica do Equador, o Papa Francisco dirigiu-se para a antiga Igreja de S. Francisco, em Quito, onde se encontrou com representantes do mundo empresarial, do voluntariado, do desporto e uma representação dos índios da Amazónia.

 “Hoje estão aqui connosco irmãos dos povos indígenas da Amazónia Equatoriana; Lá o Equador – juntamente com os outros países detentores de franjas amazónicas – tem uma oportunidade para exercer a pedagogia duma ecologia integral. Recebemos o mundo como herança dos nossos pais, mas também como empréstimo das gerações futuras, a quem o temos de devolver e melhorar e isto é gratuidade.”

Dia 8

No dia 8, quarta-feira, o Papa Francisco visitou um Lar de Idosos das Missionárias da Caridade, a congregação fundada por Madre Teresa de Calcutá.

De seguida, o Papa Francisco encontrou-se com sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas no Santuário da Virgem del Qunche. O Santo Padre falou sobre a gratuidade de Deus, e pediu-lhes para evitarem o alzheimer espiritual e o carreirismo. Exortou-os também a viverem um caminho de serviço no qual não haja lugar para a vanglória e a mundanidade, desenvolvendo uma cultura do encontro construindo uma Igreja em saída.

O Papa Francisco despediu-se do Equador e partiu para a Bolívia.

Bolívia

O Papa Francisco chegou à Bolívia na quarta-feira dia 8 de julho à cidade de La Paz. A acolhê-lo no aeroporto internacional de El Alto estava o presidente Evo Morales, representantes das instituições do país, os bispos da Bolívia e largos milhares de fiéis. O Santo Padre apresentou-se como hóspede e peregrino.

Dirigindo-se em especial à Igreja o Papa Francisco afirmou:

“A voz dos Pastores, que tem de ser profética, fala à sociedade em nome da Igreja Mãe, partindo da sua opção evangélica preferencial pelos últimos, pelos descartados, pelos excluídos, essa é a opção preferencial da Igreja.”

Foi na Catedral de La Paz que o Papa Francisco se encontrou com as autoridades da Bolívia logo após uma visita de cortesia ao presidente Morales no palácio presidencial.

Tomando como exemplo a beleza da paisagem natural e arquitetónica da cidade de La Paz, o Santo Padre recordou o conceito de ecologia integral proposto na sua Encíclica Laudato Sí:

“O ambiente natural e o ambiente social, político e económico estão intimamente relacionados. Isto impõe-nos estabelecer as bases duma ecologia integral.”

É necessária “uma educação ética e moral, que cultive atitudes de solidariedade e corresponsabilidade entre as pessoas” – salientou o Papa que advertiu: “Não nos habituemos ao ambiente da desigualdade confundindo o bem comum com o bem-estar”.

Dia 9

Na quinta-feira dia 9 de julho, foi intensa a atividade do Papa Francisco na sua visita à Bolívia. A Missa celebrada na Praça do Cristo Redentor, foi também a abertura do V Congresso Eucarístico da Bolívia, e o Santo Padre, reevocando a leitura do Evangelho em que os apóstolos pediam a Jesus para mandar embora a multidão porque não havia nada para lhes dar de comer, recordou que vivemos situações semelhantes no mundo de hoje onde tudo é negociável:

“Uma lógica que pretende deixar espaço para muito poucos, descartando todos aqueles que não produzem”.

Perante isto, Jesus diz-nos que devemos dar de comer a todos – lembrou o Papa dizendo que basta de descartes:  

“Sim, basta de descartes. Dai-lhes vós mesmos de comer”.

Na tarde do dia 9 de julho na cidade de Santa Cruz, após ter celebrado Missa na Praça do Cristo Redentor, o Papa Francisco encontrou-se com sacerdotes, religiosos, religiosas, seminaristas e leigos consagrados da Bolívia na Escola D. Bosco.

Recordando o Evangelho de S. Marcos e o episódio do cego Bartimeu, o Papa referiu as três respostas aos gritos do cego, plenas de atualidade: uma é passar como quem faz zapping, passar ao lado dos problemas; a outra é repreender, mandar calar para não sermos perturbados, a terceira e última é dizer coragem, levanta-te. Isto é o que faz o Espírito Santo connosco e em nós. Disto somos testemunhas:

“E, graças a tantas testemunhas que nos disseram «coragem, levanta-te», gradualmente fomos tocando aquele amor misericordioso, aquele amor transformador que nos permitiu ver a luz. Não somos testemunhas de uma ideologia, uma receita, uma forma de fazer teologia. Somos testemunhas do amor sanador e misericordioso de Jesus. Somos testemunhas da sua intervenção na vida das nossas comunidades.”

No final da tarde de dia 9 de julho o Papa Francisco esteve com os participantes no II Encontro Mundial dos Movimentos Populares e através de um longo mas claro discurso, sempre muito aplaudido, o Papa Francisco convocou os presentes para o reconhecimento da necessidade de mudança mas também para a ação concreta e decidida para aquilo a que o Santo Padre chamou de “processo de mudança”.

“Reconhecemos nós que as coisas não andam bem num mundo onde há tantos camponeses sem terra, tantas famílias sem tecto, tantos trabalhadores sem direitos, tantas pessoas feridas na sua dignidade?”

“Reconhecemos nós que as coisas não andam bem, quando explodem tantas guerras sem sentido e a violência fratricida se apodera até dos nossos bairros? Reconhecemos nós que as coisas não andam bem, quando o solo, a água, o ar e todos os seres da criação estão sob ameaça constante?”

“Então digamo-lo sem medo: Precisamos e queremos uma mudança.”

 “Vós sois semeadores de mudança. Aqui, na Bolívia, ouvi uma frase de que gosto muito: «processo de mudança».”

Dia 10

No dia 10 de julho o Papa no final da sua visita à Bolívia visitou o Estabelecimento Prisional de Reabilitação de Santa Cruz onde reafirmou que “reclusão não é o mesmo que exclusão, porque a reclusão faz parte dum processo de reinserção na sociedade. Há muitos elementos – bem o sei – que jogam contra este lugar: a superlotação, a morosidade da justiça, a falta de terapias ocupacionais e de políticas de reabilitação, a violência… Tudo isto torna necessária uma pronta e eficaz aliança interinstitucional para se encontrar respostas” – afirmou o Papa que depois deixou a Bolívia e voou para o Paraguai.

Paraguai

Foi debaixo de uma chuva intensa que o Papa Francisco chegou à cidade de Assuncion, capital do Paraguai nesta sexta-feira dia 10 de julho. O mau tempo não desencorajou os paraguaios que vieram em massa pelas estradas para saudar o Santo Padre.

No aeroporto de Assuncion, a cerimónia de boas-vindas decorreu ao sabor de uma sugestiva coreografia com danças e cânticos guarani. A acolher o Papa estava o Presidente Horácio Cartes.

Salientando a cultura do encontro e o respeito das legítimas diferenças de opinião como base para a superação dos conflitos e das divisões ideológicas, o Santo Padre declarou que os pobres devem ser a prioridade:

“Os pobres e necessitados deverão ocupar um lugar prioritário.”

“…que não haja mais vítimas da violência, da corrupção ou do narcotráfico. Um desenvolvimento económico que não tem em conta os mais fracos e infelizes, não é um verdadeiro desenvolvimento.”

Dia 11

Na manhã de sábado dia 11, destaque para a visita do Papa ao Hospital Geral Pediátrico “Niños de Acosta Ñú de Assunción. Falando a todos, num discurso improvisado, o Santo Padre recordou o episódio de Jesus que se zangou com os apóstolos porque estes tinham impedido as crianças de se aproximarem dele. O Papa declarou-se unido às crianças e aos seus pais e famílias.

Depois da visita ao Hospital Pediátrico o Papa Francisco dirigiu-se ao Santuário Mariano de Caacupé, onde presidiu à Eucaristia, com cantos em espanhol e língua indígena guarani.

Na sua homilia o Santo Padre sublinhou a importância daquele Santuário:

“Muitos batismos, muitas vocações sacerdotais e religiosas, muitos namoros e matrimónios nasceram aos pés da nossa Mãe. Muitas lágrimas e despedidas. Vimos sempre com a nossa vida, porque aqui estamos em casa e o melhor de tudo é saber que há alguém que nos espera”.

No sábado dia 11, destaque para o encontro do Papa com os representantes da sociedade civil do Paraguai a quem o Santo Padre pediu diálogo e respeito para com os pobres.

Destaque ainda para as vésperas celebradas pelo Papa com bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas do Paraguai na Catedral Metropolitana da Assuncion. Nesse encontro com o clero o Papa Francisco declarou que “a oração é reflexo do amor que sentimos por Deus, pelos outros, pelo mundo criado; o mandamento do amor é a melhor configuração do discípulo missionário com Jesus.”

 Dia 12

No dia 12 o Papa Francisco visitou a população do Bañado Norte, uma zona pobre onde habitam muitos “descartados” do sistema do Paraguai. Proclamou a sua proximidade a todos eles e afirmou que a fé que não se faz solidariedade está morta.

De seguida o Papa celebrou Missa no campo grande de Ñu Guazu. Na sua homilia o Santo Padre afirmou que cristão é aquele que aprendeu a hospedar e a alojar: “Ninguém pode pedir-nos para não acolhermos a abraçar a vida dos nossos irmãos, sobretudo, daqueles que perderam a esperança e o gosto de viver” – sublinhou o Papa Francisco.

No Angelus deste domingo o Santo Padre pediu a ajuda de Maria para que a Igreja seja uma casa que saiba acolher todos os povos.

O último grande encontro do Papa Francisco na América Latina foi com os jovens do Paraguai neste domingo dia 12 de julho. Ao longo do rio Paraguai estiveram centenas de milhares de jovens.

O Santo Padre ouviu os testemunhos de Liz, uma rapariga, e de um rapaz, o Manuel. Liz assiste a mãe e a avó gravemente doente, Manuel viveu na pobreza e no abandono.

O Papa Francisco falou aos jovens de improviso e, deixou-se inspirar pelas palavras de Orlando, o rapaz que leu o Evangelho e que depois saudou o Santo Padre pedindo-lhe para rezar pela liberdade de todos.

 “É preciso saber ter um coração livre porque todos sabemos que no mundo há tantos vínculos que nos atam o coração e não deixam que o coração seja livre.”

“Ter um coração livre, um coração que possa dizer o que pensa, que possa dizer o que sente e que possa fazer o pensa e o que sente. Isso é um coração livre.”

No final da sua intervenção, sempre efusivamente aplaudida pelos jovens paraguaios, o Papa Francisco propôs uma oração e pediu que cada um dos presentes a meditasse no silêncio do seu coração:

“Senhor Jesus, dou-Te graças por estar aqui e porque me deste irmãos como Liz, Manuel e Orlando, dou-Te graças porque nos deste tantos irmãos como eles.”

“Jesus, peço-Te pelos rapazes e raparigas que não sabem que sois a sua fortaleza, e que têm medo de viver, medo de ser felizes, têm medo de sonhar.”

“Senhor Jesus, dá-nos fortaleza, dá-nos um coração livre dá-nos esperança, dá-nos amor e ensina-nos a servir. Amen.”

O Papa Francisco regressou ao Vaticano nesta segunda-feira dia 13 de julho.

E é assim que terminamos esta síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 6 a 12 de julho. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa. (RS)








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