Abuso de menores, uma chaga no corpo da Igreja levada muito a sério por Francisco


Roma (RV) – Está em andamento na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, o Simpósio “Proteção dos Menores, uma abordagem espiritual e teológica”, promovido pelo Centro para a Proteção dos Menores do ateneu pontifício. No encontro, representantes de Conferências Episcopais de língua inglesa tratam das iniciativas na prevenção dos abusos sexuais em menores. Sobre este tema, a Rádio Vaticano conversou com o Diretor do Centro, o sacerdote jesuíta Hans Zollner:

“Esta vez quisemos nos concentrar sobre algo que, estranhamente, por mais de trinta anos, ninguém levou à sério, ou seja, a resposta teológica à crise dos abusos. Esquecemos que existe também uma dimensão espiritual e teológica, então, poderíamos perguntar como esta crise dos abusos deformou a imagem da Igreja, que impacto teve na nossa relação com Jesus, como compreendemos hoje os Sacramentos do sacerdócio e do ser bispos? Portanto, esta é a primeira conferência em absoluto – até onde eu saiba – que tem como tema único a resposta teológica e espiritual dos abusos, também como ocasião para repensar a teologia do sacerdócio, do ministério, a missão da Igreja, a demanda por um contínua purificação necessária para que nós possamos proclamar com verdade e credibilidade a “boa nova” de Jesus”.

RV: O tema da credibilidade é fortemente defendido pelo Papa Francisco, que recentemente instituiu um setor na Congregação para a Doutrina da Fé para julgar os bispos em relação aos abusos...

“Certamente. Esta é uma ulterior confirmação de que o Papa Francisco realmente leva a sério esta tragédia, esta chaga no corpo da Igreja, como dizia o Papa Bento, uma chaga que nós provocamos, nenhum outro; o Papa Francisco quer realmente combater isto com toda a sua força, com todo o seu empenho pessoal. Após a criação da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, o convite às vítimas de abuso para estar no coração da Igreja, a poucos metros da Basílica de São Pedro no Vaticano. Isto faz ver realmente o quanto lhe é importante, pessoalmente, de seguir em frente na aceitação destas feridas, no escutar as vítimas,  dar preferência a elas e a seus sofrimentos, e sobretudo às vítimas que sofreram abusos dos ministros da Igreja, onde está em jogo também a possibilidade de crer, de confiar...São continuamente sinais muito confortantes, por parte do Papa, que nos apoia neste trabalho que não é tão fácil como poderíamos pensar, mas que nos dá também a possibilidade de continuar o seu empenho através dos nossos instrumentos: a educação, a formação dos sacerdotes e também de tantas pessoas que trabalham com as crianças nas escolas, nos orfanatrófios e nos asilos”.

RV: Em relação ao Centro que o senhor preside na Gregoriana, existe uma programação de eventos que gostarias de assinalar?

“O principal é que continuamos com o nosso programa online, isto é, uma plataforma de aprendizado pela internet, que é aberto às instituições católicas e não-católicas  que queiram comprometer-se com a formação de seus professores, educadores, sacerdotes. A partir de fevereiro de 2016 teremos outra iniciativa, isto é, um curso de um semestre, que será realizado aqui, na Gregoriana: um diploma onde serão ministradas matérias como reconhecer uma criança que provavelmente tenha sofrido abuso ou esteja sendo vítima neste momento; o que fazer; como responder; qual é a situação da lei canônica e da civil no país em que vivo? Focamos na possibilidade de formar multiplicadores, que após, poderão ir até suas dioceses e instituições acadêmicas e instituições eclesiais, para tornarem-se mensageiros deste tipo de esforço que ao Papa e a nós temos realmente a peito”. (JE)

 








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