Santo Sudário, mistério ainda inexplicável


Turim (RV) – O Santo Sudário é o fulcro da visita do Papa a Turim neste domingo (21) e segunda-feira. A história da pesquisa científica sobre o ‘sagrado linho’ tem início em 1898, e desde então, muitos pesquisadores tentam “ler” o manto, buscando desvelar seus segredos. Após tantas pesquisas, uma questão permanece: como formou-se a imagem impressa no manto? Quem responde é o Presidente do Centro Internacional do Sudário de Turim, Prof. Bruno Barberis:

“Certamente, foram dados passos em frente sobre esta imagem, mas no momento atual são insuficientes para responder a esta pergunta, que permanece portanto o enigma mais significativo e também mais fascinante deste objeto. Foram levantadas muitas hipóteses nestes mais de 100 anos, mas todos os experimentos e tentativas de reproduzir efetivamente sobre uma tela uma imagem que tenha as mesmas características tiveram resultados insuficientes. Para quem supôs que se tratasse efetivamente de uma marca deixada por um cadáver, antes de tudo é necessário encontrar um fenômeno físico ou químico que permita a um cadáver gerar uma marca deste gênero. Outros levantaram a hipótese de que se tratasse de uma obra pictórica, realizada por algum artista do passado. Mas onde existe a marca sobre o Sudário, não foram encontrados nem pigmentos nem corantes de nenhum tipo. Foi encontrado sangue e o que sabemos é tratar-se de sangue humano do grupo AB. Hoje se deve ainda defini-la como uma imagem irreprodutível. Isto não quer dizer que o seja em absoluto”.

RV: O Sudário é, portanto, um mistério que continua a interrogar ciência e fé. O senhor pensa, baseado também nos estudos já realizados, que um dia estes horizontes, aparentemente distantes, poderão se encontrar?

“Na minha opinião convergem, pois o Sudário fala quer no setor da ciência, quer no setor da fé. Me agrada, a este propósito, evocar duas bonitas definições que São João Paulo II deu do Sudário, em 24 de maio de 1998, durante a sua peregrinação a Turim por ocasião da exposição. Chamou o Sudário de “espelho do Evangelho”, significando que efetivamente evoca de modo inequívoco, com uma precisão realmente surpreendente, todas as características da Paixão de Cristo, que os Evangelhos descrevem de forma literária. Mas também a chamou de “provocação à inteligência”, sublinhando que, não obstante os estudos feitos e os conhecimentos científicos e tecnológicos do terceiro milênio, a imagem não é ainda explicável. E estes dois aspectos não estão, de fato, em contraposição. Antes, são dois aspectos complementares deste objeto, que se misturam entre si, correndo o risco de criarem confusão e de levar a afirmações sem sentido. Mas se mantidos separados e paralelos entre si, nos permitem adquirir um conhecimento realmente num amplo espectro deste objeto. E este fato nos permite chamá-lo de o “Quinto Evangelho” ou “O espelho do Evangelho”. Este é realmente o fascínio mais profundo que emana deste objeto”.

RV: A análise feita em 1988 com Carbono 14 levou a uma datação do manto entre 1260 e 1390 d.C., portanto, na época medieval. Quais são as críticas à esta análise e porque deveria ser refeita?

“Crítica não tanto no método, que é o que temos de melhor no momento atual para datar objetos de origem biológica que contém carbono, como no caso, o tecido, mas pelo fato de que justamente os tecidos – entre todos os objetos datáveis com este método – são os mais delicados. Um tecido oferece 100% de sua superfície à poluição ambiental. Aquela datação, sob tantos pontos de vista, é anacronística. Seria necessário refazê-la, obviamente, mas somente no momento em que os nossos conhecimentos químico-físicos, sobretudo de tela e também biológicos, sejam tais, de modo a nos permitir saber quais sejam os locais mais adaptados para uma retirada de amostra e, em segundo lugar, de conhecer bem o tipo de contaminações que o tecido possa ter sofrido, para se fazer então, uma calibragem dos resultados. No momento atual, estes conhecimentos ainda não existem. Eis porque ainda não é oportuno repetir esta análise”.

RV: Imaginando se estar  justamente diante do manto do Sudário, quais são os seus conselhos para perscrutá-lo e lê-lo?

“Antes de tudo, para poder lê-lo é necessário conhecê-lo com antecedência. Portanto, eu aconselho a todos aqueles que se aproximam do Sudário para aprenderem a conhecê-lo – utilizando, obviamente, textos, sites que falam do Sudário – e após, diante da imagem, eu diria que é necessário deixá-la falar, é necessário deixar-se olhar. Quem se encontra diante do Sudário percebe, seguramente, que também é olhado, assim, neste momento, é necessário deixar-se levar pelo desejo de entender a fundo as características, os pontos essenciais, de reconhecer aquilo que as descrições feitas nos tinham falado. É necessário deixar que exista um diálogo entre a imagem e quem a observa. Eu garanto a todos aqueles que farão esta experiência que, no final, nos sentimos realmente interpelados. E é este o grande, grandíssimo fascínio do Sudário, que a cada exposição atrai milhares de peregrinos”. (JE)








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