Card. Hummes: "Laudato si vale também para quem já destruiu"


Cidade do Vaticano (RV) – Na apresentação à imprensa da Encíclica do Papa Francisco sobre o cuidado da casa comum, Laudato si, o Padre Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, informou aos jornalistas que o Próprio Papa enviou, dois dias atrás, uma cópia integral do documento a todos os Bispos do mundo. Como sinal de cortesia e de inauguração desta nova forma de envio, o Pontífice anexou um bilhete escrito de próprio punho, em várias línguas, a cada um. 

A RV contatou o Cardeal Cláudio Hummes, franciscano, atual Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, para ouvir a sua primeira reação à Encíclica Laudato si. 

A Encíclica vale para todo o mundo e talvez, de modo mais particular, para aqueles que já destruíram suas matas e não cuidaram suficientemente de suas terras. O Papa indica muito bem que há realmente uma dívida entre o Norte e o Sul nesta questão ecológica; ele fala da necessidade de termos um governo mundial muito mais eficaz, muito mais eficiente, que seja capaz de preservar o ambiente mundial, para que não seja devastado. O que ele está dizendo com isso é que as grandes instituições de governo mundial, como a ONU e outras afins, não estão tendo a força suficiente para governar o mundo nesta questão ecológica que é grave, urgente... embora nem tudo esteja perdido, como o Papa diz. Temos esperança, muito se pode fazer e se deve fazer o quanto antes para proteger, para preservar o planeta, as florestas, as águas”.

“Creio que de fato a população está consciente, mas os que têm o poder na mão, o poder político, econômico, estão de fato se deixando impressionar muito pouco por este desastre ecológico que todos estamos assistindo”. 

“Não é apenas uma questão técnica, tecnológica, não... todos sabemos o que isso tem a ver com as questões da justiça social, com a questão da distribuição dos bens, enfim... a Encíclica está unida fortemente à questão dos pobres, da pobreza, da miséria no mundo, e por isso mesmo, a Igreja não tem como não se pronunciar, como não tomar uma posição”.

“Questões éticas estão em jogo, sem falar, claro do aspecto religioso, pois nossa fé nos fala de como Deus criou o mundo e o entregou a nós, não para devastar e destruir, mas para cuidar, para proteger, cultivar, colher os frutos desta terra que nos foi dada. Isso tem uma dimensão religiosa, uma dimensão ética, uma dimensão humana profunda, porque todas as criaturas estão unidas. O Papa coloca isso muito bem na ‘ecologia integral’ de que fala; somos todos unidos, não podemos separar a questão humana da ecológica”. 

(CM)

 








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