Santa Sé: "Acolher imigrantes é dignidade, e não concessão"


Cidade do Vaticano (RV) – “A Europa abra as portas aos migrantes com políticas idôneas, evitando deixar-se influenciar por pressões populistas irracionais”. Quem o pede, em nome da Santa Sé, é o diplomata vaticano nas Nações Unidas em Genebra, o Arcebispo Silvano Maria Tomasi, falando terça-feira (16/06) no Conselho da ONU para direitos humanos. 

Dom Tomasi fala claro e sua voz vai em direção contrária à onda europeia de rechaço às novas massas de migrantes desembarcados, pedindo uma nova chance de vida. 

Distribuição justa

O representante do Vaticano afirma que “as operações de busca e socorro no mar não só devem continuar, mas serem reforçadas”; cita a “necessidade de tutelar o direito à vida de todos; indiferentemente de seu status pessoal, ela deve ser prioritária”. Pede que “a inserção dos imigrantes seja justamente distribuída, levando em conta as exigências de segurança e sociais e desconsiderando pressões populistas irracionais”. E enfim, sugere que “as autoridades competentes forneçam canais mais seguros de aceitação, para conciliar os direitos dos migrantes e os legítimos interesses das sociedades que os recebem”. 

Falta de estratégia 

“Os sistemas multilaterais – observa ainda o arcebispo – não conseguiram administrar de modo eficaz a emigração. A estratégia para a imigração é ainda carente”. Dom Tomasi passa aos números: pelo menos 1.800 migrantes morreram desde o início do ano no Mar Mediterrâneo, 25 mil pessoas da etnia Rohingya e bengaleses embarcados e destinados à Tailândia e à Malásia. E ainda: 68 mil menores desacompanhados entre outubro de 2013 e setembro de 2014 detidos pela polícia na fronteira com os EUA. 

Acolhimento, interesse de todos 

“A migração e as mudanças climáticas são os principais desafios do século XXI. A longo prazo – considera o representante da Santa Sé – é necessário enfrentar as causas profundas de um fenômeno tão global. Quanto mais tempo passa, mais esperamos e o preço será mais alto”. Assim sendo, “acolhê-los não é uma concessão. As medidas são no interesse dos migrantes, das sociedades que os acolhem, da comunidade internacional inteira. Promover e respeitar os direitos humanos dos migrantes e sua dignidade assegura que os direitos e a dignidade de todos sejam plenamente respeitados na sociedade”. 

(CM)








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