Imigrantes nas fronteiras da Europa: o desafio de Schengen


Ventimiglia/Luxemburgo (RV) - Mais de 100 imigrantes, sobretudo de Eritreia e Senegal, seguem bloqueados desde sábado na cidade de Ventimiglia, na Itália, à espera que a França abra suas fronteiras. O grupo tem passado as noites nas rochas e diques do passeio marítimo como forma de protesto.

Outros 80, sobretudo mulheres e crianças, dormiram na estação de trem da cidade, na região da Ligúria, fronteiriça com a França, onde foi habilitada uma das salas de espera para alojá-los. Segundo a imprensa italiana, a França garantiu que não fechou o espaço europeu estabelecido pelo Tratado de Schengen, mas intensificou os controles para não permitir a passagem dos imigrantes ilegais. 

Reforço policial

Na fronteira de Nice com Ventimiglia, estacionam caminhonetes e vários agentes da Gendarmaria francesa, e do lado italiano foi reforçado o número de seus agentes. Os imigrantes pedem a abertura da fronteira para que possam passar e se reunir com suas famílias. A maioria afirma que não quer ficar na França, já que seu destino é outro país europeu.

Enquanto isso, o Episcopado francês se sensibiliza e por meio do Padre Lorenzo Prencipe, diretor do Serviço de Pastoral dos Migrantes, faz um apelo à solidariedade cristã e à responsabilidade política europeia para que não se brinque com o sofrimento alheio. Os bispos estão preocupados com o rechaço dos imigrantes por parte da Gendarmaria. Segundo Padre Lorenzo, este endurecimento se deve à situação eleitoral na França, aonde se votará para eleger o Presidente, em 2016. 
  
Cristãos têm dever de ajudar

“Cada um tem que fazer a sua parte”, diz o padre, em nome dos bispos, recordando que “como cristãos, não podemos dar para trás, mas acolher. O problema – conclui – é que diante da guerra e dos conflitos que continuam no Oriente Médio e na África, as pessoas fogem e buscam proteção. É necessário de um lado equipar-se para ajuda-los; do outro, fazer de tudo para que naqueles países retorne a estabilidade política”. 

Comissão Justiça e Paz Europa

Neste domingo, elevou-se também a voz do arcebispo de Luxemburgo, Presidente de Justiça e Paz Europa, Dom Jean-Claude Hollerich: “Deixem-se inspirar pelo espírito que reinou em Schengen, trinta anos atrás (acordo assinado em 14 de junho de 1985, ndr); uma promessa de liberdade que representa a livre circulação para todos os europeus, os perseguidos e os oprimidos em seus países”.

Com este apelo, o arcebispo recordou a assinatura dos acordos que permitiram a abertura das fronteiras entre os países europeus. Segundo ele, a União Europeia não poderá ser “vetor de justiça, de paz e de solidariedade no mundo enquanto dominarem a injustiça, a discórdia e o egoísmo nacional em seus Estados membros”. 

(CM)








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