Papa Francisco vai ao continente africano em novembro


Roma - O Papa anunciou nesta sexta-feira (12), durante o 3º Retiro Mundial de Sacerdotes, na presença de mais de mil padres na Basílica de São João de Latrão, que vai realizar em novembro deste ano a sua primeira visita a África. A viagem tocaria a República Centro-Africana e Uganda, naquela que será a 10ª viagem internacional do pontificado.

“Se Deus quiser, estarei na África no mês de novembro, primeiro na República Centro-Africana e depois em Uganda. Ainda é uma possibilidade, mas não é certo, porque há problemas para a organização, o Quênia”, revelou. O Papa sublinhou a importância da ação da Igreja Católica neste continente, em particular nas escolas e hospitais, e criticou a exploração dos recursos naturais africanos por parte das potências mundiais, sustentando que as respostas às emergências não chegam.

“A Europa deve investir na África, para que haja indústria, trabalho, e as pessoas não tenham de vir para cá”, sublinhou. Neste contexto, aludiu a problemas de “instabilidade política” em vários países, dando como exemplo Moçambique.

Perante os participantes no 3.º retiro mundial de sacerdotes, promovido pelo Renovação Carismática Católica Internacional e a Fraternidade Católica, o Papa pediu aos bispos que estejam “perto” dos padres, mesmo quando discordam, sem cultivar uma “distância de príncipes”. Nesse sentido, desafiou-os a falar cara a cara, “como homens”, antes de lembrar que “o que salvou a Igreja primitiva da divisão foi a coragem de Paulo de dizer as coisas na cara”.

Francisco saudou ainda as mulheres presentes, elogiando o “gênio feminino” que acompanha a vida eclesial desde o início. “Perante certas exigências feministas, não se esqueçam de que Maria é muito mais importante do que os apóstolos”, observou.

No dia da festa litúrgica do Coração de Jesus, o Papa pediu que os sacerdotes sejam “transformados pelo amor” e saibam cantar ao Senhor quando têm problemas, para deixar que “as lágrimas corram”.

“Nos piores momentos, quando estiverem zangados ou tiverem sido infiéis ao Senhor, não tenham medo, aproximem-se do sacrário”, apelou. A longa intervenção, com cerca de duas horas, deixou alertas contra a “funcionalização” dos sacerdotes ou os padres “apegados à lei”, que depois “tratam mal” os fiéis.

Francisco reforçou as suas preocupações com a importância das homilias, propondo uma “linguagem positiva e não tanto proibitiva”. “Por favor, tenham piedade do povo fiel de Deus”, brincou uma um grande sorriso.

O Papa defendeu a necessidade de não recusar o Batismo a recém-nascidos que sejam filhos de mães solteiras ou de pais que voltaram a se casar, insistindo que “os burocratas apegados à lei” desfiguram a “Igreja que é mãe, sempre”.

“Misericórdia nas confissões, misericórdia”, acrescentou, citando a expressão latina ‘ad impossibilia nemo tenetur’ (ninguém está obrigado a fazer o impossível).

No final da sua intervenção improvisada, o Papa respondeu a algumas perguntas dos participantes, que convidou a “deixar que o Espírito provoque a curiosidade” sobre as atitudes de testemunho que os cristãos tomam, a “linguagem dos gestos”, recusando o “discurso moralista”.

Em resposta a um padre latino-americano, Francisco disse que a Igreja tem de “pregar o Evangelho” e estar com os pobres, sem fazer qualquer ideologia que promova “luta de classes”.

O Papa falou depois da Ásia como a “maior promessa” da Igreja Católica, uma “reserva espiritual”.

Após o encontro, o Papa presidiu à Missa na mesma Basílica de São João de Latrão, catedral da Diocese de Roma. (SP)








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