Papa a magistrados: instituições voltadas à promoção do homem


Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco recebeu na manhã deste sábado (13), na Sala Clementina, no Vaticano, os membros do Conselho Superior da Magistratura italiana, cerca de 200 pessoas.

Nas suas palavras aos presentes o Santo Padre inicialmente recordou que a jurisdição tem hoje uma complexidade crescente, devido a multiplicação dos interesses e dos direitos que pedem para ser colocados a confronto e que nem sempre podem encontrar na legislação uma resposta precisa e plena diante da variedade de casos concretos.

Raízes culturais devem ser respeitadas

A mesma globalização – disse ainda o Papa – traz consigo aspectos de possível confusão e desorientação, como quando se torna veículo para introduzir usos, concepções, e até mesmo normas, estranhas a um tecido social com consequente deterioração das raízes culturais de realidades que ao invés devem ser respeitadas; e isso – afirmou – por efeito de tendências pertencentes a outras culturas, economicamente desenvolvidas, mas eticamente enfraquecidas.

E o Papa acrescentou: “Neste contexto de choques profundos das raízes culturais, é importante que as autoridades públicas, e entre elas também as jurisdicionais, usem o espaço a elas concedido para dar estabilidade e tornar mais sólidas as bases da convivência humana através da recuperação dos valores fundamentais. A esses valores o Cristianismo ofereceu o verdadeiro e mais adequado fundamento: o amor de Deus, que é inseparável do amor pelo próximo.

Promoção da pessoa humana

A partir dessas bases, também fenômenos como a expansão da criminalidade, nas suas expressões econômicas e financeiras, e a chaga da corrupção, que também afetam as democracias mais desenvolvidas, podem encontrar terreno fértil. É necessário tomar medidas não só no momento da repressão, mas também na educação, dirigidas especialmente às novas gerações, oferecendo uma antropologia e um modelo de vida capaz de responder às altas e profundas inspirações da alma humana. Por isso, - disse Francisco -, as instituições são chamadas a recuperar uma estratégia de longo prazo, voltada à promoção da pessoa humana e da pacífica convivência.

O Santo Padre recordou ainda que é verdade que os juízes são chamados a intervir na presença de uma violação da regra, mas também é verdade que a reafirmação da regra não é só um ato dirigido somente a uma pessoa, mas supera sempre o caso individual para interessar a comunidade no seu conjunto. Neste sentido todo pronunciamento judiciário ultrapassa o confim do processo para abrir-se e tornar-se ocasião na qual toda a comunidade se reencontra ao redor daquela regra, reafirma o seu valor, e ainda mais importante, se identifica nela.

Homem criado à imagem de Deus

Nesta época se coloca um acento particular sobre o tema dos direitos humanos, que constituem o núcleo fundamental do reconhecimento da dignidade essencial do homem. Isso deve ser feito sem abusar dessa categoria querendo aplicar práticas e comportamentos que, ao invés de promover e garantir a dignidade humana, na realidade a ameaçam ou até mesmo a violam. E Francisco concluiu:

“A justiça não se faz de modo abstrato, mas considerando sempre o homem no seu valor real, como ser criado à imagem de Deus e chamado a realizar, aqui na terra, a sua semelhança”. (SP)

 








All the contents on this site are copyrighted ©.