Feridas da ditadura peruana ainda não estão cicatrizadas, diz ONU


Lima (RV) - A política estatal de violações sistemáticas dos direitos humanos no Peru, incluídos os desaparecimentos forçados, terminou, declarou uma delegação do Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre os Desaparecimentos Forçados ou Involuntários, ao concluir uma visita oficial ao País andino, na quarta-feira (10/06).

“O Estado peruano conseguiu, com grande esforço, prevalecer sobre a violência subversiva. Todavia, profundas sequelas e feridas permanecem abertas”, disse o especialista em direitos humanos Ariel Dulitzky, chefe do Grupo de Trabalho.

De acordo com o site Desaparecidos Peru, cerca de 60 mil pessoas teriam sido assassinadas pelas forças militares e maoístas durante as décadas de 1980 e 1990 no País. Dentre as vítimas, estariam ao menos 7 mil presos-desaparecidos registrados, sequestrados pelas forças estatais e provavelmente assassinados pouco depois da captura. A maioria foi enterrada em valas comuns secretas sem que os familiares fossem informados dos acontecimentos.

“É urgente que o Estado fixe como uma prioridade imediata a busca da verdade sobre as pessoas desaparecidas. O tempo decorrido entre os acontecimentos e hoje fez com que muitas testemunhas, familiares e agressores atingissem idades avançadas e tivessem a saúde comprometida”, destacou ainda Dulitzky.

Transformação

Trinta anos depois da última visita do Grupo de Trabalho ao Peru, a nova delegação encontrou um País e uma sociedade completamente transformados. Apesar disso, observou com preocupação que as profundas disparidades socioeconômicas que foram causa e consequência da violência política permanecem ainda hoje, o que dificulta o êxito de muitas medidas adotadas.

A ONU exortou o Governo peruano a superar desafios importantes como a ausência de um número exato de pessoas desaparecidas, a falta de um plano nacional de busca de pessoas desaparecidas, a inexistência de um mapa nacional de sepulturas, as limitadas exumações e identificações de pessoas desaparecidas e a falta de um banco de dados genético.

Igreja peruana

O Grupo de Trabalho apresentará, em 2016, no Conselho dos Direitos Humanos da ONU, um documento final sobre a visita ao Peru. A Conferência Episcopal peruana em diversas ocasiões exortou os familiares dos desaparecidos a manter a fé em Deus e não guardar rancor e invocou a paz e a reconciliação de todos os peruanos. (RB)








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