2015-06-06 23:07:00

Ainda há jovens generosas


A Igreja em Cabo Verde é uma das mais antigas da África. A sua história coincide praticamente com a história do país. Foi oficializada em 1533 com a criação da Diocese de Santiago, cuja jurisdição se estendia por vários países da África Ocidental.

Esta Igreja está actualmente a viver um período de graças. Teve este ano o seu primeiro cardeal; há poucos mais de 10 anos foi criada uma segunda Diocese – Mindelo – e é uma Igreja em pleno crescimento, com uma pujança de vocações e um laicado cada vez mais activo. Prova disto a criação, este ano, da Associação dos Gestores, Empresários e Profissionais Católicos para viver a fé no mundo profissional.

O Ano da Vida Consagrada que a Igreja católica está a viver é, certamente, uma ulterior ocasião de  reforço desta energia vocacional que, no entanto, parece estar um pouco em crise, no sector feminino,  se comparado com o masculino.

É por todas estas razões que a Rádio Vaticano, no âmbito da atenção que vem dando às mulheres quis, este ano, deslocar-se a Cabo Verde para conhecer de perto a presença, acção e problemáticas das religiosas no arquipélago.

Começamos pela Diocese do Mindelo que abrange as 5 ilhas do norte do país. Nos seus 11 anos de vida, já deu passos de gigante na criação de estruturas e comissões e, só este ano, o bispo, D. Ildo Fortes conta ordenar dois novos padres que se vão juntar a outras recentes ordenações, também de 10 diáconos permanentes.  Nada pouco para uma Diocese de cerca de 200 mil almas. Mas não chega. Faltam padres para uma população em crescimento e sedenta de Deus, embora os dados apontem para um certo número  de descrentes, facto antes desconhecido no país.  

As religiosas são cerca de meia centena, de várias congregações, espalhadas pelas cinco ilhas e empenhadas em diversas actividades sociais e eclesiais. O crescimento vocacional no sector é escasso, mas, contrariamente à opinião difusa de que há crise, D. Ildo Fortes acha que não é bem assim:

A Congregação das Missionárias de São Pedro Claver estão presentes no Mindelo, ilha de São Vicente, há 10 anos. A Irmã Eva Gomes Furtado é a responsável da casa. Tem a seu cargo quatro aspirantes e um Lar de estudantes com 20 meninas. Quando se fala de crise de vocações, ela acha que a culpa é também das religiosas.

Muitos consideram que um dos obstáculos ao crescimento das vocações femininas no país é a precocidade da vida sexual, e que algumas normas de acesso à vida religiosas, como a exigência da virgindade, deveria ser revista. Mas D. Ildo Fortes não deixa espaço para dúvidas: adaptar as regras aos tempos de hoje sim, descer a fasquia dos valores, não.

O Ano da Vida Consagrada que a Igreja está a viver é concebida pelo Papa Francisco como um Ano de acção de graças, mas também de projecção no futuro com esperança e confiança em Deus. Pode ser então uma ocasião para se reflectir sobre a situação das vocações femininas em Cabo Verde? A irmã Eva, considera que o ano já vai a meio e não se fez ainda muito. Mas quanto a ela, procura antes de mais vivê-lo a nível pessoal, dando testemunho de Cristo no dia-a-dia.

(DA em Mindelo)

 








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