Queda vertiginosa de anglicanos no Reino Unido


Londres (RV) – A fé anglicana está em “queda livre” no Reino Unido. Dos 16,5 milhões de anglicanos em 1983, somente 8,6 milhões dizem seguir em 2015 a religião fundada por Henrique VII em 1534, cuja cabeça é a Rainha Elizabeth II da Inglaterra. O declínio começou nos anos 60, porém o processo acentuou-se a partir dos anos 80.

Igreja Anglicana corre risco de desaparecer

“Nossas cifras indicam uma missão urgente. A Igreja da Inglaterra encontra-se a somente uma geração de sua extinção”, advertiu Lord Carey, que foi Arcebispo de Cantuária entre 1991 e 2002. E sua preocupação não é exagerada. Em apenas dois anos, a Igreja Anglicana perdeu 1,7 milhões de fieis, enquanto os muçulmanos  aumentaram 900 mil no mesmo período. Os anglicanos, de fato, passaram em 2012 dos 21% dos britânicos que seguem alguma religião para os 17% em 2014, ou seja, cerca de 8,6 milhões.

Catolicismo estável

Os católicos, por sua vez, representam 8% dos seguidores de alguma fé e mantém-se estáveis, com ligeira queda a partir dos anos 80. Além disto, os católicos participam mais dos serviços litúrgicos. Somente 29% deles diz nunca ir à igreja, em comparação 48% dos anglicanos que jamais visitam os templos.

A mídia inglesa atribui a relativa boa saúde do catolicismo – perseguido historicamente na Grã Bretanha – à chegada dos imigrantes poloneses, portugueses e filipinos. Existem, no entanto, também outras razões. O catolicismo se manteve mais fiel a seus princípios do que o credo anglicano, que acolheu  em seu seio inovações como a ordenação de mulheres como sacerdotisas ou bispas e concedeu uma certa abertura a algumas ideias políticas e de costumes.

O Cardeal John Henry Newman, antigo presbítero anglicano e que se converteu ao catolicismo em 1845, também impulsionou o crescimento católico no Reino Unido. Após uma profunda reflexão, Newman concluiu que “a Igreja Católica é a raiz original, enquanto o anglicanismo é uma mistura criada por um homem que queria se divorciar. Newman foi beatificado por Bento XVI em 19 de Setembro de 2010 numa missa campal em Birmingham.

Metade dos britânicos sem identificação com religião

A bem da verdade, nenhuma religião tem vida fácil em um país cada vez mais descrente e materialista. Segundo uma pesquisa da Agência de Estudos Sociais NatCen, que divulgou os dados, a metade dos britânicos já não se identifica com nenhuma religião.

Outra pesquisa realizada no início de 2015, conduzida esta vez pelo Instituto YouGov, revelou que 19% dos  britânicos são ateus, 7% agnósticos e 3% se declaram “humanistas”. Ou seja, mais de um quarto da população não crê. As mulheres, por sua vez, têm mais fé que os homens e os idosos mais que os jovens. Politicamente, os conservadores são os que mais praticam a religião.

O que está acontecendo, resume Naomi Jones, uma das autoras do estudo da NatCen, é que “se está deixando de ver a religião como parte da identidade britânica”. (JE/Bbc)








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