Igreja canadense: perdão por violência em crianças nativas


Ottawa (RV) – Chegaram ao fim no Canadá os trabalhos da Comissão Verdade e Reconciliação sobre as chamadas “escolas residenciais”, muitas administradas por Igrejas cristãs, nas quais (de meados do século XIX e por quase todo o século XX), o governo federal transferiu à força cerca de 150 mil crianças de tribos nativas para serem ‘assimiladas’.

Nesta terça-feira (02/06), será divulgado o relatório final com os relatos detalhados das violências impostas às crianças. 6 mil delas morreram nestas estruturas.

Segunda-feira (01/06), realizou-se em Ottawa a “Marcha de reconciliação”, sinal da admissão das barbaridades que começaram a vir à tona somente na década de 80. Dentre os participantes da marcha, estavam também o arcebispo, Terrence Prendergast e uma representação oficial dos bispos canadenses.

Página triste na história

As violências cometidas contra os menores ‘inuit’ e ‘metis’ separados de suas famílias para serem ‘transformados em verdadeiros canadenses’ é um capítulo obscuro na história do Canadá: em 2008, o premiê Stephen Harper pediu formalmente desculpas à comunidade aborígene e iniciou o processo da Comissão de colher testemunhos das vítimas. A Igreja Católica foi chamada em causa sobre a questão, já que administrava muitas estruturas escolares. A acusação é de ter colaborado com o governo federal na obra de cancelamento da cultura nativa, mas também de ter cometido violências físicas e psicológicas muito graves contra os pequenos alunos.

“Olhamos ao passado e pedimos perdão”, escreveu o arcebispo de Ottawa em carta pastoral por ocasião da Marcha. “Nossa obrigação é reconhecer as responsabilidades morais e arrependermo-nos de nossos erros”, diz Dom Prendergast aos fiéis. “Queremos colaborar com as comunidades aborígenes para construir um futuro comum no respeito recíproco”.

Admissão e purificação

No percurso de purificação da memória empreendido pela Igreja canadense, recorda-se o encontro, em 2009, no Vaticano, entre o Papa Bento XVI e o “Grande chefe” da Assembleia dos nativos do Canadá, Phil Fontaine. Naquela ocasião, Joseph Ratzinger expressou “dor e angústia” pela deplorável conduta de alguns membros da Igreja no sistema das escolas residenciais e completou afirmando que “atos de abuso não podem ser jamais tolerados pela sociedade”. 

(CM)








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