Cardeal Vegliò: refugiados, uma ferida aberta na humanidade


Roma (RV) - A Comissão Papa Pacelli Associação Pio XII e o Centro Astalli de Roma, sede italiana do Serviço Jesuíta para Refugiados (JRS), organizam na capital italiana, na próxima sexta-feira (29/05), o encontro sobre o tema “A Santa Sé, os refugiados e prisioneiros de guerra: a obra do Papa Pacelli”.

Os trabalhos serão presididos pelo Presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, Cardeal Antonio Maria Vegliò. “O século XX foi denominado o século dos refugiados. Isso mostra uma ferida aberta na humanidade, uma ferida que não para de crescer”, destaca o purpurado no artigo publicado pelo jornal da Santa Sé, L’Osservatore Romano.

Ação da Igreja

No texto intitulado “As declarações de princípio não bastam”, o Cardeal Vegliò repercorre o trabalho desempenhado pela Santa Sé na atenção aos refugiados e deslocados desde a II Guerra Mundial aos nossos dias. Em 2014, o número de refugiados ultrapassou os 50 milhões. Foi a primeira vez desde o fim da II Guerra Mundial.

“A solicitude da Igreja para com os refugiados foi e permanece de um lado uma afirmação do direito à vida, paz, proteção e assistência, e de outro uma ação caritativa e pastoral”, sublinha o purpurado. 

Assistência

O presidente do dicastério vaticano recorda a criação, em 1944, por Pio XII, da Pontifícia Comissão de Assistência aos Refugiados para distribuir ajuda às pessoas que voltavam da Alemanha e Rússia. A sensibilidade do pontífice se manifesta em três documentos: as Encíclicas “Communium interpretes dolorum” e “Redemptoris nostri”, e a Constituição Apostólica “Exsul familia” ainda hoje a carta magna da pastoral para os migrantes. Em 1950, foi criado pela ONU o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

A fim de afirmar e tutelar a dignidade humana depois dos erros das duas guerras mundiais, foram elaboradas a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, a Convenção sobre o estatuto dos refugiados de 1951, cuja elaboração contou com o apoio da Santa Sé, e o Protocolo de 1967.

Igreja em compasso com o tempo

Em 1951, a Santa Sé criou a Comissão Católica para as Migrações. “Depois de Pio XII”, ressalta o Cardeal Veglió, “João XXIII dirigiu sua atenção aos sofrimentos e direitos dos refugiados na Encíclica Pacem in Terris e pediu aos Estados para assinarem a Convenção de 1951”. São várias as iniciativas nos anos sessenta e setenta que contaram com a participação do Vaticano. Vários os apelos em favor da solidariedade internacional feitos por Paulo VI a partir da Encíclica “Populorum progressio” (1967). 

“Não basta recordar os princípios, afirmar as intenções, sublinhar as injustiças e proferir denúncias proféticas: essas palavras não terão importância se não houver uma tomada de consciência da própria responsabilidade e ação efetiva”, escreve Paulo VI na Carta Apostólica “Octogesima Adveniens”. 

Em 1970, o Papa Montini criou a Pontificia Commissio de spirituali migratorum atque itinerantium cura, que depois se tornou o Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, em 1988. Em 1971, criou o Pontifício Conselho Cor Unum. (MJ)








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