Liberdade de consciência essencial na relação com o Islã


St Moritz (RV) – Acompanhar o processo do Islã na Europa para que seja capaz de fazer próprios os valores fundamentais que alicerçam as civilizações europeias, a partir do respeito pela liberdade de consciência que é uma “questão central”. Este é o grande desafio e a missão que a Igreja Católica europeia quer assumir. Padre Andrea Pacini, especialista no diálogo com o Islã e coordenador deste setor pelo Conselho das Conferências Episcopais Europeias, traçou um quadro do encontro sobre o encontro “Islã e radicalização”, realizado na Suiça de 13 a 15 de maio, e que reuniu 35 bispos delegados episcopais europeus.

Islã na Europa, entre fechamentos e diálogo

“Existem dentro do Islã europeu ao menos duas grandes tendências, explica Padre Pacini. Uma tendência é a do tipo neo-tradicional e tem maiores dificuldades em abrir-se a uma relação de integração no contexto europeu, sem ser no entanto violenta com ele. Outra tendência, também importante, mesmo se menos organizada, mas que começa a expressar-se, está convencida da necessidade de uma abertura a um diálogo que leve a uma integração, dentro do Islã, dos valores fundamentais como a liberdade de consciência e de forma mais geral, a recuperação de uma dimensão de liberdade na esfera religiosa pessoal e comunitária. A grande questão é ver como estas duas tendências irão evoluir”.

Igreja deve acompanhar processo de integração

“Como Igreja Católica – afirmou o expert da CCEE – estamos convencidos de não poder pensar e agir obviamente no lugar dos muçulmanos. Aquilo que é e será o Islã é tarefa deles. A nossa tarefa é acompanhar de maneira ativa e eficaz este debate de integração, tornando-nos disponíveis à escuta, ao diálogo, à interação, em uma atitude de proximidade que, ao mesmo tempo propõe aqueles valores fundamentais que permitem viver em maneira pacífica e frutuosa a convivência, e entre estes a liberdade de consciência é certamente a questão central”.

Comunidade religiosa segura de si não temo ao outro

Um ponto sobre o qual muito se insistiu na Suiça foi sobre a importância da formação religiosa “para educar as nossas respectivas comunidade de fieis para uma relação que não tenha temor do outro. Uma comunidade religiosa que é serenamente consciente de si mesma, não tem necessidade de ver no outro um inimigo para ser um inimigo”.

Nem todos muçulmanos partilham leitura radical do Islã

Sobre o medo do Islã, Padre Pacini observou que “não podemos negar que fenômenos de radicalismo violento estejam ocorrendo dentro do Islã. O que está acontecendo nos países do Norte da África e às vezes na Europa, é uma preocupação justificada. Ao mesmo tempo é necessário também se ter consciência do fato de que na Europa já vivem, há muitos decênios, cerca de 20 milhões de muçulmanos (cerca de 2 milhões na Itália) e o fato de que não surjam tensões particularmente graves. Isto demonstra que nem todos partilham uma similar leitura radical e que é possível construir itinerários de vivência partilhada”. (JE)








All the contents on this site are copyrighted ©.