De missionário a bispo: um sacerdote brasileiro na África


Cidade do Vaticano (RV) - Foram mais de oito anos de missão em Moçambique até que, em 2013, pouco após ser eleito, o Papa Francisco nomeou Dom Luiz Fernando Lisboa como bispo da diocese de Pemba, no norte do país africano.

Dom Luiz participa da visita Ad Limina junto com os demais bispos moçambicanos. Após sete anos, eles voltam ao Vaticano para apresentar ao Papa os principais desafios da Igreja. Em entrevista à RV, Dom Luiz falou de sua experiência justamente na região onde estão os maiores investimentos brasileiros em Moçambique, da realidade das periferias existenciais e da paz ameaçada pela falta de diálogo entre governo e oposição.

“Até que ponto estes megaprojetos beneficiam os moçambicanos, o povo moçambicano? Ou eles tem uma capa de benefícios, vai ajudar o povo moçambicano etc, mas o que vai acontecer é beneficiar os grupos externos, as grandes empresas multinacionais e “alguns” moçambicanos. Nós temos muita preocupação que esses megaprojetos sejam uma nova colonização”.

Imagem conhecida

O norte é a nova mina de ouro de Moçambique: carvão, gás e petróleo, pedras preciosas. Uma corrida pela riqueza que tem um lado obscuro, que o bispo denuncia: as minas.

“Quem de nós brasileiros não se lembra da Serra Pelada, das minas. Aqui em Moçambique temos este problema. Do dia para a noite surge um garimpo de pedras semi-preciosas. Nas áreas de pedras preciosas o povo não chega nem perto. Há seguranças armados, grades. Então, as pessoas que estão ali arriscam a vida, perdem a saúde, morrem soterradas. Constrói-se quase que uma cidade em torno da mina, onde predomina o alcoolismo, as drogas, a prostituição. São todos problemas que nos desafiam. Desafiam a Igreja. Essa é uma periferia que tem me tirado a paz porque ainda não temos como dar uma resposta”.

Paz ameaçada

Para agravar a situação, a instabilidade do governo que ameaça a paz conquistada a tão duras penas.

“Infelizmente, alguns líderes insistem em serem donos da verdade e  isso dificulta o diálogo. Quando as partes não aprendem a ceder, então dificulta o diálogo. A insistência da igreja é nisso. É preciso sentar, cada um, e ceder para que haja a paz porque 99% por cento do povo moçambicano quer a paz. Ninguém mais suporta a guerra”.

A entrevista completa com Dom Luiz vai ao ar nesta quinta-feira, no programa Em Romaria(RB)








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