A paz é o eixo central da diplomacia vaticana


Cidade do Vaticano (RV) - A contribuição da diplomacia na manutenção da paz a partir das áreas atualmente mais problemáticas, como o Mediterrâneo. Este foi o tema tratado na apresentação do 10º Master do curso de Relações Internacionais da Universidade Lumsa, em Roma. O papel desempenhado pela diplomacia da Santa Sé ao lado dos Estados, tem como objetivo primário a paz, a qual, como repete o Papa Francisco, “sem diálogo, respeito pelos direitos humanos e caridade não existe futuro”. Entre os conferencistas estava presente o Prefeito do Supremo Tribunal da Signatura Apostólica, Cardeal Dominique Mamberti, por anos responsável pelas Relações com os Estados da Santa Sé. Ele falou aos microfones da Rádio Vaticano.

“A diplomacia vaticana tem uma longa história a serviço da paz e isto, conforme o mandato de Cristo: “Bem aventurados os promotores de paz”. Mas encontrou, ao longo dos séculos, diversas formas de atuação e hoje vemos que, atualmente,  a contribuição é reconhecida e evidente com o Papa Francisco”.

RV: Antes de tudo, o ser humano é o mais importante para a diplomacia vaticana, mais do que a política e os seus equilíbrios...

“Sim, absolutamente, a defesa da dignidade da pessoa humana é justamente um eixo, para não dizer o eixo central da diplomacia vaticana, e naturalmente, a busca e a construção do bem comum”.

RV: Pode-se considerar como um fracasso da diplomacia as hipóteses europeias de uma ação militar na Líbia?

“A diplomacia deve explorar todos os modos para fazer respeitar a dignidade da pessoa, naturalmente no respeito pelo direito internacional e com o objetivo superior sempre de manter a paz. De fato, muitas vezes, o Santo Padre disse: com a guerra não se vai a lugar algum”.

RV: A abertura dos Estados Unidos a Cuba. Poderíamos dizer que este seja o último objetivo e sucesso alcançado, também por parte da diplomacia vaticana. Que perspectivas se abrem a partir de agora?

“Os representantes diplomáticos da Santa Sé sempre estiveram presentes e penso sim que tenha sido construída uma relação de confiança ao longo dos anos. Mas penso, e todos destacaram isto, que o empenho pessoal do Santo Padre tenha sido muito importante e devem ser gratos a ele”.

RV: O Papa fala seguidamente de uma terceira guerra mundial em pedaços. Quais são os ‘fronts’ que mais preocupam a diplomacia vaticana?

“O Oriente Médio é para nós uma chaga aberta, em particular pela situação dos cristãos e pelos riscos que esta situação representa à estabilidade não somente da região, mas para todo o mundo”.

RV: O senhor falou que a tutela da liberdade religiosa, junto com a educação e a caridade, são as linhas guias da diplomacia vaticana. Diante do avanço do extremismo islâmico, que não respeita em nada a liberdade religiosa, existe ainda espaço para o diálogo em uma ação diplomática?

“É um pouco abstrato falar “um diálogo com o Islã”. O que é necessário fazer é um diálogo com os expoentes do Islã, os fieis do Islã, e certamente também, quando isto for possível, desenvolver ações comuns com eles, em particular em favor da paz, do desenvolvimento, da educação”. (JE)








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