2015-05-11 13:33:00

Bispos do Gana condenam perseguição dos cristãos


Pôr fim à perseguição dos cristãos, em África e em todo o mundo, e tutelar os direitos dos migrantes: estes os pontos principais da declaração conjunta emitida pela Conferência Episcopal e o Conselho Cristão do Gana. O documento foi publicado ao fim do encontro anual entre os dois órgãos, que teve lugar em Acra, durante o qual se reflectiu sobre as questões de particular preocupação no país.

Em relação à opressão dos cristãos no mundo, os bispos católicos e os líderes cristãos exprimem consternação e dor pela sistemática e constante perseguição e assassinato de cristãos no continente africano e noutras partes do mundo, devido a grupos terroristas islâmicos". E por isso, "a mais firme condenação de tais atrocidades" e o apelo a todos os fiéis para que "rezem pelo fim de tais insensatos assassinatos". Ao mesmo tempo, católicos e cristãos exprimem o seu apreço pela exortação lançada pelo Imã  ganês, Usumanu Nuhu Sharubutu, às comunidades islâmicas locais a serem vigilantes contra a infiltração de ideologias extremistas e grupos como Boko Haram e Al Qaeda. "Como ganenses – lê-se na declaração conjunta – devemos  continuar a viver em paz e harmonia uns com os outros, abstendo-nos de qualquer gesto ou atitude que possa levar a conflitos étnicos, religiosos ou políticos”.

Portanto, os representantes católicos exprimem a sua preocupação com "os muitos migrantes africanos que morrem nos desertos do continente e no Mar Mediterrâneo" e pedem "a todos os Estados e aos governos africanos para tomar  medidas eficazes para parar tais tragédias”. Ao mesmo tempo, as instituições locais são exortadas "a fazer todo o possível para criar  as necessárias oportunidades políticas, socioeconómicas, ambientais e de emprego" para combater "o desemprego juvenil galopante". E os próprios jovens africanos são encorajados a "permanecer nos seus países de origem e a trabalhar duramente para ganhar o pão de cada dia", sem pensar que "a Europa e outras nações fora da África podem  garantir, automaticamente, todas as comodidades”.

Outro ponto focal da declaração conjunta refere-se à colaboração entre a Igreja e o Estado no sector da educação: a este respeito, o documento lamenta a falta de um documento oficial para regulamentar esta colaboração, recordando o grande trabalho realizado, ao longo dos anos, por instituições e entidades religiosas, e que têm garantido "uma formação moral integral aos estudantes". Ignorar tal contribuição, por parte do Estado, para a formação do país é "injusto e repreensível" e é urgente, portanto, assinar um documento que reconhece a sua importância.

Grande parte do documento é dedicada, em seguida, à precária situação económica do Gana: católicos e cristãos dizem-se preocupados pela fragilidade do sistema de seguros da saúde, exprimem  dúvidas sobre a sua efectiva sustentabilidade, lamentam o colapso das estruturas e pedem ao governo mais transparência nesta questão e um maior envolvimento de todas as partes interessadas. "As instituições católicas e cristãs - também recordam os signatários – foram pioneiras no campo do seguro de saúde muito antes de ela ser adoptada como política nacional" . A causar o alarme é o elevado nível de endividamento do Gana, resultando na "instabilidade e precariedade da economia nacional" e o "fechamento sistemático e gradual das indústrias" locais. "Apesar das promessas do governo – lê-se na declaração - por quase três anos não temos visto qualquer melhoria; e por isso, condenamos fortemente a falta de soluções práticas para a crise económica actual", porque essa falha "não faz bem ao País”.

No âmbito legislativo, os signatários católicos e cristãos desejam "a introdução de regulamentações apropriadas para enfrentar os desafios da exploração do petróleo e da produção", recordando que "Gana e os seus cidadãos devem ser os principais beneficiários dessa exploração". São solicitadas novas soluções também para o processo de reforma da Constituição, actualmente num impasse: em particular, os bispos e outros líderes cristãos queixam-se de falta de informação, por parte das instituições, sobre a situação actual e pedem, portanto, uma maior transparência de modo que todo o país possa participar activamente neste percurso.

A parte final do documento é dedicada às eleições gerais, previstas no Gana em 2016: a declaração conjunta lança um apelo à Comissão Eleitoral para que se empenhe, logo que possível, em envolver todas as partes interessadas no processo de preparação para as consultas, iniciando um processo de reforma eleitoral e criando um registo dos eleitores, juntamente com o número de assembleias de voto necessárias. "O ano de 2016 parece distante, mas não é - diz a declaração -. Por isso, exortamos a Comissão Eleitoral a agir rapidamente" Finalmente, a declaração termina com uma oração ao Senhor para que ao Gana "paz, amor e comunhão”. (BS)








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