EUA e imigração: o encontro entre Papa e Raul Castro


Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco recebeu na manhã deste domingo (10/05) o Presidente cubano, Raul Castro, em audiência considerada "estritamente privada".

Tratou-se do primeiro encontro entre o mandatário cubano e o primeiro Papa latino-americano, que foi realizado em um dos escritórios da Sala Paulo VI.

Cordialidade

O encontro durou mais de 50 minutos e, de acordo com a Sala de Imprensa da Santa Sé, foi “muito cordial”. Antes de deixar o Vaticano, o Presidente declarou à imprensa que agradeceu ao Santo Padre pelo papel ativo em favor do melhoramento das relações entre Cuba e Estados Unidos; além disso, falou para o Papa dos sentimentos do povo cubano sobre a expectativa e a preparação da sua visita à Ilha em setembro.

A seguir houve a apresentação da delegação cubana, composta por cerca de 10 pessoas, entre as quais o Vice-Presidente do Conselho dos Ministros, o Ministro do Exterior e o Embaixador junto à Santa Sé.

Imigração

Também foi significativa a troca de presentes. Castro ofereceu ao Papa uma preciosa medalha comemorativa da Catedral de Havana e um quadro de arte contemporânea, que representa uma grande cruz composta de destroços de embarcações, diante da qual há um migrante em oração. O artista cubano Kcho, que estava presente na audiência, explicou a Francisco que se inspirou no seu grande empenho em atrair a atenção mundial para os problemas dos migrantes e refugiados, que começou com sua viagem a Lampedusa.

O Papa doou ao Presidente a sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium e uma medalha que representa São Martinho cobrindo um pobre com o seu manto. O Pontífice explicou que esta medalha recorda não somente o compromisso de ajudar e proteger os pobres, mas também de promover ativamente a sua dignidade.

Voltar à Igreja Católica

Castro chegou ao Vaticano procedente da Rússia, onde participou das celebrações pelos 70 anos do fim da II Guerra Mundial e aproveitou de sua passagem pela Europa para saudar e agradecer Francisco por seus esforços diplomáticos. Depois da audiência com o Papa, o Presidente cubano foi recebido pelo Primeiro-Ministro italiano, Matteo Renzi, a quem contou que lê todos os discursos de Francisco e, se continuar assim, ele – que é comunista – poderá voltar à Igreja Católica. Prometeu ainda participar de todas as missas que o Papa celebrar em Cuba.

Ainda não foram comunicados os detalhes da visita. Até o momento, sabe-se somente que será a primeira etapa da viagem que levará o Pontífice aos Estados Unidos, no final de setembro.  A visita a Cuba foi confirmada oficialmente no dia 22 de abril.

Em dezembro passado, Castro e o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciaram o degelo em suas relações diplomáticas – um conflito herdado da Guerra Fria – e surpreenderam em agradecer ao Papa Francisco por seu trabalho de mediação.

A Santa Sé confirmou que nos meses precedentes ao anúncio, o Papa escreveu várias cartas aos dois Presidentes, para convidá-los a "resolver questões humanitárias de interesse comum".

Raul Castro foi o anfitrião do Papa Bento XVI em 27 de março de 2012. Já em 1998, Fidel Castro recebeu na Ilha João Paulo II. Em 2015, Cuba e a Santa Sé celebram os 80 anos do início de suas relações diplomáticas.

(BF)








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