2015-05-09 12:30:00

Prover a cultura do encontro - Papa aos bispos moçambicanos


O Papa Francisco recebeu em audiência neste sábado 9 de maio os bispos de Moçambique em visita “ad Limina”. Através deles saudou toda a Igreja em Moçambique, desde os seus cardeais até aos fieis leigos, nomeadamente aos catequistas e animadores das pequenas comunidades cristãs. E agradeceu a D. Lúcio Muandula, presidente da Conferência, pelas palavras que lhe dirigiu em nome de toda a Conferência Episcopal, compartilhando as alegrias e esperanças, as dificuldade e inquietações do povo de Moçambique. O Papa exprimiu também gratidão pelo trabalho pastoral levado a cabo nas comunidades diocesanas, assegurando-lhes constante união e solidariedade espiritual.

Depois recordou aos bispos que Jesus é o Pastor supremo da Igreja e é em seu nome e por seu mandato que os bispos têm o cuidado de guardar o seu rebanho com plena disponibilidade até ao dom total da vida. E convidou-os a pôr de parte todas as possíveis importâncias e falsas presunções, para se inclinarem a «lavar os pés» de quantos lhes foram confiados pelo Senhor.

O Papa recomendou-lhes também que reservem, na sua solicitude pastoral, um lugar muito particular para os seus sacerdotes, pois o primeiro próximo do bispo são os seus sacerdotes, indispensáveis colaboradores, cujo conselho e ajuda devem buscar, e de quem devem cuidar como pais, irmãos e amigos. Para eles – disse -  permaneça sempre aberto o vosso coração, a vossa mão e a vossa porta. O tempo gasto com eles nunca é tempo perdido: entre os seus primeiros deveres dum bispo está o cuidado espiritual do presbitério; isto sem esquecer as necessidades humanas de cada sacerdote, sobretudo nos momentos mais delicados e importantes do seu ministério e da sua vida.

Em seguida o Papa falou dos missionários, esses “homens e mulheres com o estofo de Paulo, agarrados à Cruz de Cristo, desposados com Cristo, despojados de tudo para abraçarem o “Tudo” e que existem ainda hoje, disse. O Papa recordou ainda que neste Ano da Vida Consagrada se devem elevar acções de graças e louvores pelo testemunho de fé e serviço que os religiosos e as religiosas oferecem nos diversos sectores da vida eclesial e social, nomeadamente em relação aos pobres e a todas as misérias humanas, materiais, morais e espirituais. Exemplos disso são as escolas comunitárias, os diversos centros de acolhimento, orfanatos, casas-família, onde vivem e crescem tantas crianças e jovens abandonados. É importante, porém, uma justa inserção diocesana das comunidades religiosas, que não são mero material de reserva para as dioceses, mas carismas que as enriquecem, uma inserção que não deve ser deixada ao acaso e à improvisação, mas exige o compromisso das diversas forças e vivências num projecto comum.

 

O trabalho pastoral dos bispos impõe-lhes a obrigação de unir, harmonizar e racionalizar as forças eclesiais da diocese, sem que  cada um se feche no próprio redil ou  se lamente do que não tem; é preciso, isso sim, fazê-lo para imprimir um renovado impulso apostólico às comunidades cristãs, uma dinâmica missionária de saída para acompanhar as pessoas e dar-lhes esperança, o desejo de regressar a casa, ao seio da família, à Igreja. E o Papa manifestou o desejo de que este clima de «família», sereno e cordial entre todos, favoreça o bom entendimento e a colaboração responsável no seio da Igreja em Moçambique. E não deixou de convidar os bispos à comunhão entre si e à solicitude pela Igreja universal.

O Santo Padre convidou também o episcopado moçambicano a descer para o meio dos seus fiéis, nas periferias das dioceses e em todas as «periferias existenciais» onde há sofrimento, solidão, degrado humano, tendo sempre os ouvidos abertos para escutar a «voz das ovelhas», mesmo através dos organismos diocesanos que têm a tarefa de aconselhar, ajudar e promover um diálogo leal e construtivo, como o conselho presbiteral, o conselho pastoral, o conselho dos assuntos económicos. Não se pode pensar num bispo que não tenha estes organismos diocesanos, disse o Papa.

E o Papa exortou os Bispos ao encontro, reiterando que o encontro com o outro alarga o coração, multiplica a capacidade de amar: “Os Pastores e os fiéis de Moçambique precisam de desenvolver mais a cultura do encontro, seguindo o convite de Jesus de ir, de procurar e encontrar os mais necessitados”. E recordou a este propósito as vítimas das calamidades naturais, que não cessam de semear destruição, sofrimento e morte, aumentando o número de deslocados e refugiados.

Os desafios actuais de Moçambique  - continuou Francisco – requerem que se promova em medida maior a cultura do encontro, pois as tensões e os conflitos minaram o tecido social, destruíram famílias e sobretudo o futuro de milhares de jovens: O caminho mais eficaz para contrastar a mentalidade de prepotência e as desigualdades, bem como as divisões sociais, é investir no campo de uma formação humana e profissional que ensine os jovens a pensar criticamente e ofereça um caminho de amadurecimento nos valores – indicou o Papa, encorajando os bispos a implementarem boas relações com o Governo, não de dependência, mas de sã colaboração, interessando-se pelas leis que são aprovadas no Parlamento e não poupando esforços no apoio à família e na defesa da vida desde a sua concepção até à morte natural.

Por fim, o Papa convidou os Bispos à confiança: “Jesus não vos diz: «Ide! Arranjai-vos!» Mas sim: «Ide, (…) Eu estarei convosco até ao fim dos tempos». Ele caminha connosco e nos  precede. Sigamo-Lo! Tenhamos a audácia de abrir estradas novas para o anúncio do Evangelho”, concluiu o Papa, confiando os bispos à Santíssima Virgem Maria, Mãe da Igreja, e invocando a Bênção do Senhor sobre toda a dilecta Nação Moçambicana”.








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