2015-05-05 12:58:00

Israel: depois de confrontos Netanyahu recebe judeus etíopes


Apelos à calma em Israel por parte do primeiro-ministro Benyamin Netanyahu e o chefe de Estado Reuven Rivlin, depois das manifestações, nesta segunda-feira, em Tel Aviv, de milhares de judeus de origem etíope contra aquilo que chamaram de "o racismo da polícia". Os feridos foram uns setenta, na sua maioria agentes da polícia; 40 os detidos. Netanyahu recebeu nesta terça-feira uma delegação de Falasha, os judeus de origem etíope, entre os quais o militar Demas Pekada: na semana passada, o soldado foi filmado quando estava a ser espancado, sem razão aparente, por dois polícias. Foi imediata a onda de indignação nas redes sociais e não só. O Presidente Rivlin admitiu: "cometemos um erro", acrescentando de não ter "ouvido o suficiente". Entretanto, em Jerusalém a polícia está em alerta, para mais protestos. Desta história Giada Aquilino falou com o padre jesuíta David Neuhaus, vigário patriarcal em Jerusalém:

Este acto de violência, quando o jovem foi detido por um polícia, foi filmado e difundido por todo o país e recorda um pouco as coisas que aconteceram também nas grandes cidades dos Estados Unidos. Creio que o facto que influenciou muito a reacção da comunidade etíope foi que este jovem não é apenas um jovem etíope, judeu, israelita, mas um jovem de uniforme militar, e portanto um soldado a servir no Estado. Recordemos também que esta comunidade há anos denuncia o racismo na sociedade, não apenas na polícia, mas também no Estado. É um Estado que, desde 1977, decidiu que aqueles que vivem na Etiópia e dizem de ser judeus e praticam algo muito próximo à religião judaica têm o direito de vir a Israel, ter a cidadania e, por conseguinte, direitos iguais a todos os outros Judeus. Desde 1984 eles chegam em grande número – existem dezenas de milhares hoje em Israel  - mas dizem que a sociedade não os aceita como todos os outros.

Como vive a comunidade dos judeus de origem etíope em Israel?

Muitas destas comunidades vêm de aldeias etíopes e a transferência para Israel não foi fácil, porque Israel é uma sociedade muito moderna. Nós vimos imediatamente uma certa alienação, quando chegaram. Contudo, devemos também dizer que, apesar da decisão do Estado de Israel para reconhecer estas pessoas, as autoridades religiosas não aceitaram muito tal decisão. Para a plena integração na sociedade, a autoridade rabínica, portanto, insistiu numa certa cerimónia religiosa, e neste momento a comunidade se manifestou fortemente, falando de discriminação. Não podemos negar, porém, que também a cor desempenha aqui um papel. Depois, estão, certamente, aqueles que estão bem integrados, que servem  no exército, na polícia, mas também médicos, professores e membros do Knesset, mas a maioria da comunidade permanece na margem, vivendo na pobreza. É, portanto, uma comunidade que sofre.

Portanto, não se pode falar de plena integração destas comunidades?

Não. E é preciso acrescentar que, daquilo que se viu, especialmente na manifestação de Tel Aviv, a polícia reagiu como quando o exército reage diante de árabes que manifestam, com métodos muito, muito violentos. A comunidade disse, de facto: "Nós somos judeus e vós - a polícia – procedeis connosco como se fôssemos palestinos nos Territórios ocupados”.

O facto de que os agentes implicados no caso foram suspensos e arrisquem ser despedidos não calma os ânimos?

Creio que a coisa que pode acalmar a situação é escutar realmente estes gritos. É o governo que trouxe esta gente aqui, para continuar a ter judeus no Estado. Portanto, eles esperam ser tratados como todos os cidadãos.








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