Maria Voce na ONU: o papel dos líderes religiosos na paz mundial


 

Nova York (RV) – O nascimento de um Comitê consultivo permanente na sede da ONU confiado aos líderes religiosos. Esta é uma das propostas lançadas na última quarta-feira (22/04) na sede da ONU, em Nova York, ao final de um debate que reuniu 193 Estados membros e 15 líderes religiosos, entre os quais a presidente dos Focolares, Maria Voce. O tema do encontro foi ‘tolerância e reconciliação para derrotar o extremismo violento’. Os resultados serão integrados nos conteúdos da agenda para o desenvolvimento pós-2015. Sobre os resultados do debate e as perspectivas futuras, a Rádio Vaticano entrevistou Maria Voce, em Nova York:

“Aquilo que surgiu, ao meu ver, foi uma grande vontade de mudar atitude, de estar, isto é, realmente numa atitude de diálogo, de escuta, de respeito recíproco para com todos, para encontrar aquelas estratégias que depois, nos diversos contextos, permitam este encontro, para que não se torne um choque, mas uma acolhida recíproca para construir uma paz mais duradoura. Isto me parece que tenha surgido claramente”.

RV: Em seu pronunciamento, foram usadas palavras fortes. Disseste que, diante de uma situação de “gravíssima desagregação” e também de “extremismo violento”, não podem existir mais “meias medidas”. É necessário uma “conversão também na governança global” e a própria ONU – segundo as suas palavras – poderia fazer um pouco um exame sobre sua identidade. O que quiseste dizer e suscitar com estas palavras e sobretudo como foram acolhidas pela ONU?

“Me parece que tenham sido muito bem acolhidas. Tive a impressão de que respondiam a uma necessidade que eles próprios sentiam. Foi um debate – na minha opinião – que eles buscavam. Entrei nesta assembleia da ONU com um sentimento na alma de que era necessário reverter qualquer coisa e quando usava estas palavras fortes sentia que era uma mudança: defender que é possível aquilo que humanamente falando parece impossível. Portanto, é também possível que a ONU torne-se realmente aquilo para o qual nasceu: uma sede em que as nações possam certamente expressar o seu pensamento, possam levar as suas exigências e mais do que as nações, eu diria os povos, as pessoas, sentindo-se assim representadas para a construção de um bem comum, que passa através da partilha dos bens, através de uma maior justiça social, através de uma renúncia dos meios violentos. E eu ouvi que a ONU tem a capacidade de colocar em campo estes recursos, mas que para fazê-lo, tem necessidade do apoio que vem também dos povos, que vem de todos aqueles que estão interessados em dar este apoio e portanto, também da voz dos líderes religiosos”.

RV: Na sua opinião, no contexto da ONU, pode efetivamente ser atribuído um papel às religiões, neste momento que estamos vivendo? E depois, qual contribuição os líderes religiosos puderam dar a este encontro?

“Me parece que a contribuição que os líderes religiosos deram tenha sido realmente notável e que tenha sido reconhecido também pela ONU. O próprio fato de termos sido convidados – e defendo que isto tenha sido bem mais do que um convite – foi realmente um pedido de ajuda, a expressão de uma necessidade, uma necessidade de trabalhar juntos pelo bem da humanidade. E isto me parece que os líderes religiosos tenham ouvido e tenham respondido adequadamente. Isto não quer dizer que em todos os lugares os líderes religiosos sejam considerados por aquilo que realmente possam dar, porém, certamente para a ONU foram considerados por isto. Foi pedido a eles para incidirem e influenciarem suas comunidades, sobre as ideias daqueles que os seguem, sobre a formação daqueles que os seguem, de forma que possam construir este futuro melhor. Me parece que isto a ONU tenha feito de forma admirável”.

RV: Sabemos que os conteúdo deste vosso debate serão integrados na agenda para o desenvolvimento para depois de 2015. A senhora acredita que isto será possível?

“Eu acredito nisto! Mesmo porque vi a boa vontade de todos. Depois, o fato de que tenhamos nos encontrado, permitiu a eles de reconhecer o positivo que existe na visão religiosa da humanidade. Assim, acredito que justamente neste encontro esteja a ideia vencedora deste debate. Me parece também muito importante o fato de que justamente deles, da própria ONU, já se prevê a possibilidade de constituir um comitê consultivo permanente no qual entre a voz dos líderes religiosos”.

RV: Em seu pronunciamento, a senhora perguntou à Assembleia: “O que fazer?”. Uma pergunta à qual respondeu, citando as palavras de Chiara Lubich: “Não nos entreguemos!”

“A resposta ainda é a mesma: não nos damos por vencidos, trabalhemos para que exista realmente esta nova consciência por parte de todos de que a paz somente pode ser construída juntos”.

 








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