Dom Tomasi: Imigração, a prioridade é salvar vidas


Cidade do Vaticano (RV) - O êxodo dos imigrantes através do Mediterrâneo não para, não obstante a tragédia dos dias passados. Do Conselho Europeu que se reuniu, em Bruxelas, nesta quinta-feira (23/04), se espera uma resposta para a emergência imigração. 

Sobre esse assunto, a Rádio Vaticano entrevistou o Observador Permanente da Santa Sé na ONU, em Genebra, Dom Silvano Maria Tomasi.

A prioridade número um é salvar vidas humanas

Dom Tomasi: “Se o Conselho não enfrenta o problema de maneira radicalmente nova, que vai além das habituais medidas de controle, tenho medo de que também essa ação, que é importante e que dá um sinal de interesse, corra o risco de deixar as coisas como estão. A prioridade número um, que o Santo Padre sempre reiterou, é a de salvar vidas humanas. A prioridade deve ser não tanto a questão econômica ou os interesses imediatos de um ou de outro país, mas salvar as vidas que estão em perigo. Este é o ponto de partida.”

Destruição de balsas na Líbia não é resolutiva

Dentre os pontos debatidos, a identificação e destruição de balsas na Líbia antes que terminem nas mãos dos traficantes. Segundo o senhor, esta solução pode ser resolutiva?

Dom Tomasi: “Não acredito! Poderia desacelarar o movimento rumo aos países europeus. Porém, se não se chega à raiz do problema não encontramos uma solução. A imigração não é um fator isolado, está ligada a todas as outras situações de relações políticas entre a Europa e os países de origem: o comércio, a exportação de armas, a falta de respeito dos direitos humanos, o apoio que é dado politicamente a governos que obrigam os seus cidadãos, através da repressão que exercem, a fugirem para buscar uma vida mais digna”.

Deter a xenofobia

O que a comunidade internacional pode fazer mais?

Dom Tomasi: “Sobretudo, diria que na Europa é importante retomar a questão da aceitação e da distribuição dos novos chegados: enquanto temos países que são mais generosos e aceitam um número relevante de requerentes de asilo, temos outros, dentre os 28 que formam a União Europeia, que são mais relutantes e que realmente recebem um número simbólico, insignificante de pessoas que precisam encontrar um novo país onde viver. Depois, é preciso vencer o comportamento da xenofobia, aquela reação negativa contra o estrangeiro que infelizmente encontra respostas políticas em muitos países europeus, nos partidos que votam e recolhem votos simplesmente argumentando contra os imigrantes. Sabemos que de um lado a Europa precisa da mão de obra e de outro que os imigrantes trouxeram bem-estar aos países de acolhimento e aos países de origem.” (MJ)








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