Sessão ecumênica pelos 50 anos do Concílio Vaticano II


Aparecida (RV) – Os trabalhos deste terceiro dia das atividades da 53ª Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida se concentram nas avaliações e nova redação das “Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil”. A Santa Missa no Santuário Nacional, que deu início aos trabalhos, foi presidida por Dom Genival Saraiva de França, Bispo emérito da Diocese de Palmares (PE) e concelebrada por Dom João Oneres Marchiori e Dom Ercílio Turco. Rezou-se na intenção dos Bispos Eméritos.

Em seguida ainda nas dependências do Santuário realizou-se a reunião reservada, com a presença do Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giovanni D’Aniello. Também pela manhã, os bispos eméritos se reuniram para momento de partilha. 

Na parte da tarde desta sexta-feira será discutido o texto sobre o “Dízimo”. No final do dia às 18 horas haverá ainda a sessão solene ecumênica em Ação de Graças pelos 50 anos do Concílio Ecumênico Vaticano II, com a presença de lideranças ecumênicas. 

Sobre o andamento das atividades aqui em Aparecida nós conversamos com o Arcebispo emérito de São Paulo, Cardeal Cláudio Hummes...

Ontem os bispos reunidos em Aparecida enviaram ao Papa Francisco uma mensagem na qual agradecem pelo seu magistério e confirmam suas orações pela sua missão; enviaram também uma mensagem ao Papa emérito, Bento XVI pelos seus 88 anos. 

Entre os temas abordados na coletiva de ontem, quinta-feira, 16, estiveram a conjuntura social e eclesial, a questão indígena no país e o laicato. Concederam entrevista à imprensa o  Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), Cardeal Orani João Tempesta; o Bispo do Xingu (PA) e Presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Dom Erwin Krautler; e o Bispo de Caçador (SC) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, Dom Severino Clasen. 

A entrevista foi conduzida pelo porta-voz da 53ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),  Dom Dimas Lara Barbosa. Na oportunidade, Dom Dimas lembrou que o tema central da Assembleia de 2015 são as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) para o quadriênio de 2015 a 2019. O também porta-voz da Conferência mencionou que na sessão de ontem, os bispos cantaram parabéns ao Papa-emérito, Bento XVI que celebrou, 88 anos. 

Cardeal Orani João Tempesta retomou as análises de conjuntura social e eclesial, apresentadas na tarde de quarta-feira, 15, respectivamente pelo ex-Ministro Rubens Ricupero e pelo Monsenhor Joel Portella Amado. Segundo Dom Orani, “os dois assuntos ajudam a situar o trabalho dos bispos diante da necessidade de evangelização, de missão da Igreja na sociedade, como lembrou o tema da Campanha da Fraternidade 2015”. “A grande questão que temos na conjuntura eclesial diz respeito às mudanças culturais e ao aprofundamento das diretrizes, para que, de fato, a evangelização possa acontecer nesse cenário”, explicou o cardeal.

Outro tema da 53ª Assembleia, "Os cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade", foi apresentado por Dom Severino Clasen. “Ano passado chegamos a esse texto de estudos nº 107 da CNBB, ‘Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade – luz do mundo e sal da terra’. Agora, teremos uma nova versão, atualizada de acordo com sugestões e contribuições recolhidas de grupos, regionais e dioceses, ao longo do último ano”, disse Dom Severino. Segundo ele, "o desejo dos bispos é que o texto 107 continue a trazer avanços, para que os leigos assumam seu papel no mundo e, assim, caminhem rumo a um mundo mais fraterno".

O presidente da Comissão para o Laicato falou também, durante a coletiva, sobre os assassinatos de cristãos mundo afora e que são pouco divulgados. “Não podemos nos calar diante dessas injustiças”, pediu. 

“Paixão é o que move”, respondeu dom Erwin Kräutler ao ser apresentado por dom Dimas como um bispo que mesmo vivendo sob ameaça de morte em decorrência de seu trabalho, não perde a paixão pelo que faz.

Dom Erwin falou à imprensa que até pouco tempo atrás o Xingu era sinônimo de presença indígena, mas “de um tempo pra cá o Xingu remete à usina de Belo Monte, hidrelétricas e até lava-jato”.

O bispo lembrou que, na época da Assembleia Constituinte, à frente do Cimi, esteve aliado aos índios na luta e conquista por direitos, que encheram o país de orgulho. Entretanto, Dom Erwin ressalta que os direitos não são cumpridos.

“O tempo passa e apesar do prazo para a demarcação das terras indígenas terem expirado em 1993, permanecemos até hoje sem que tenha sido efetivamente feito. Deixar as terras indígenas sem demarcação é deixar escancaradas as portas para a exploração, qualquer ocupação. A grande parte das violências contra povos indígenas estão de certa maneira ligadas aos conflitos de terra”, disse. De acordo com o bispo do Xingu, a paralisação das demarcações de terras indígenas está ligada aos interesses do agronegócio, que cada vez conquista mais representantes no congresso.

“Eu me pergunto sobre o que é defender o interesse nacional. Interesse de quem, da nação ou de alguns? Eu acho que estão defendendo o interesse de alguns em detrimento dos mais fracos, dos povos que vivem lá, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, não fomos perguntados. Inclusive, a situação é inconstitucional, uma vez que as decisões interessadas à região são tomadas pelo Congresso, em Brasília, quando os povos indígenas deveriam ser consultados no que diz respeito às suas áreas”, defendeu Dom Erwin.

Amanhã sábado os bispos iniciam às 15h, o retiro espiritual que se concluirá no domingo, 19, às 11h30, com uma missa no Santuário de Aparecida e envio missionário da juventude. 

Dos estúdios da Rádio Vaticano em Aparecida, SP, Silvonei José.








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