Dia 24
Esta semana as principais atividades do Papa Francisco estiveram reduzidas para que o Santo Padre pudesse dedicar mais tempo à elaboração da Encíclica sobre a Ecologia.
Terça-feira, 24 de março: na Missa em Santa Marta o Papa Francisco exortou os cristãos a aceitarem a vida e os mil modos que Deus nos oferece para a nossa salvação. O Santo Padre considerou que não devemos colocar objeções àquilo que o Senhor nos dá e devemos renunciar a uma atitude defensiva que em muitas situações diz: “sim, mas…”
Partindo da Leitura do Livro dos Números em que os hebreus se rebelam contra as canseiras da fuga no deserto, o Santo Padre recordou que muitos deles acabaram mordidos e mortos por serpentes venenosas e foi a oração de Moisés com um cajado envolto por uma serpente – simbolizando profeticamente a Cruz de Cristo – que se tornou salvação do veneno:
“Também nós entre os cristãos, quantos encontramos, também nós encontramo-nos um pouco envenenados por este descontentamento pela nossa vida. Sim, verdadeiramente, Deus é bom, mas…cristãos sim, mas… Cristãos que não concluem de abrir o coração à salvação de Deus e sempre pedem condições. ‘Sim, sim, eu quero ser salvo mas por este caminho….’ Assim o coração torna-se envenenado.”
Dia 25
Quarta-feira, 25 de março: Audiência Geral com o Papa Francisco na Praça de S. Pedro repleta de fiéis numa manhã muito chuvosa em Roma. Neste dia 25 de março a Igreja celebra a Solenidade da Anunciação, quando o Anjo Gabriel anunciou à Virgem Maria que ela daria à luz o Filho de Deus feito homem. Tem assim início o mistério da Encarnação do Verbo divino, que quis nascer numa família humana.
Esta foi uma audiência especial dedicada sobretudo à oração pela família como propôs o Papa Francisco recordando as palavras do Anjo à Virgem Maria:
“Ave Maria, cheia de graça,
O Senhor é convosco…”
Nesta quarta-feira também se celebra a Jornada pela Vida – recordou o Santo Padre – neste contexto, é preciso reafirmar o compromisso da Igreja junto da família, duas realidades unidas por um laço sagrado e inviolável. A Igreja, como mãe, nunca abandona a família, mesmo quando ela cai no pecado ou se afasta da Igreja. Esta não poupa esforços para cuidar, curar e convidar as famílias à conversão e à reconciliação com o Senhor – afirmou o Papa Francisco.
Desta forma – considerou ainda o Santo Padre – a Igreja poderá ser ainda mais empenhada e unida no “testemunho pela verdade do amor de Deus e da sua misericórdia pelas famílias do mundo, nenhuma excluída, esteja dentro ou fora do redil.”
E neste momento da audiência foi recitada oração pelo Sínodo da Família que o Santo Padre pediu seja repetida com insistência nos próximos meses por toda a Igreja:
“Jesus, Maria e José,
em Vós, contemplamos
o esplendor do verdadeiro amor,
a Vós, com confiança, nos dirigimos.
Sagrada Família de Nazaré,
tornai também as nossas famílias
lugares de comunhão e cenáculos de oração,
escolas autênticas do Evangelho
e pequenas Igrejas domésticas.
Sagrada Família de Nazaré,
que nunca mais se faça, nas famílias, experiência
de violência, egoísmo e divisão:
quem ficou ferido ou escandalizado
depressa conheça consolação e cura.
Sagrada Família de Nazaré,
que o próximo Sínodo dos Bispos
possa despertar, em todos, a consciência
do carácter sagrado e inviolável da família,
a sua beleza no projeto de Deus.
Jesus, Maria e José,
escutai, atendei a nossa súplica. Amen”
Nas saudações em italiano o Papa Francisco lançou um apelo pela situação de graves problemas económicos na Província de Vibo Valentia em Itália. Em particular o Santo Padre uniu-se às intervenções do bispo daquela diocese D. Luigi Renzo em defesa das populações que estão em dificuldade.
A este propósito o Papa Francisco renovou o seu apelo para que não prevaleça a lógica do lucro mas a da solidariedade e da justiça:
“Quando não se ganha o pão, perde-se a dignidade! Este é o drama do nosso tempo, especialmente para os jovens, os quais, sem trabalho, não têm perspetivas para o futuro e podem tornar-se fáceis presas das organizações malfeitoras. Por favor, lutemos por isto: a justiça do trabalho. Devemos lutar por isto.”
Dia 26
Quinta-feira, 26 de março: Não é a doutrina fria mas a fé em Jesus que nos dá alegria – esta a mensagem principal do Papa Francisco na homilia da Missa em Santa Marta.
A alegria de Abraão, que exulta na esperança de se tornar pai, como prometido por Deus, guiou a reflexão do Papa Francisco no comentário às leituras do dia. Abraão é velho, assim como a mulher Sara, mas ele acredita e abre “o coração à esperança”. No Evangelho do dia, segundo S. João, Jesus recorda aos doutores da lei que Abraão “exultou na esperança” de ver o seu dia “viu-o e ficou feliz”.
“E isto é aquilo que não percebiam os doutores da lei. Não percebiam a alegria da promessa…”
“Apenas tinham um sistema de doutrinas específicas e avisavam em cada dia que ninguém as tocasse. Homens sem fé, sem lei, agarrados a doutrinas que se tornam uma atitude casuística: pode-se pagar o imposto a César, ou não? Esta mulher, que foi casada sete vezes, quando for para o Céu será mulher daqueles sete? Esta casuística…Isto era o seu mundo, um mundo abstrato, um mundo sem amor, um mundo sem fé, um mundo sem esperança, um mundo sem confiança, um mundo sem Deus. E por isto não podiam alegrar-se!”
“Estes doutores até podiam divertir-se, mas sem alegria” – afirmou ainda o Santo Padre – que considerou que estes doutores da lei, pelo contrário, tinham medo. Não tinham confiança, nem esperança em Deus, apenas as prescrições e a sua doutrina fria – sublinhou o Papa Francisco.
Tiveram lugar neste sábado dia 28 de março, os 500 anos do nascimento de Santa Teresa de Ávila. As comunidades carmelitas de todo o mundo fizeram uma hora de oração pela paz na Terra. O Papa Francisco aderiu a esta iniciativa e a ela se referiu na Missa em Santa Marta na quinta-feira dia 26:
“Uno-me de coração a esta iniciativa, a fim de que este amor de Deus vença os incêndios de guerra e de violência que afligem a humanidade e em todo o lado prevaleça o diálogo sobre o recontro armado. Santa Teresa de Jesus interceda por esta nossa súplica.”
Dia 29
29 de março, Domingo de Ramos e Dia Mundial da Juventude. Na Praça de S. Pedro o Papa Francisco celebrou a Eucaristia e recitou a oração do Angelus:
Na sua homilia, o Papa Francisco sublinhou que no centro de celebração festiva deste domingo está a palavra ouvida precedentemente no hino da Carta aos Filipenses: “A humiliação de si mesmo, a humiliação de Jesus”.
Uma humiliação que revela – disse o Papa – o estilo de Deus e que deve ser também o estilo do cristão: a humildade. Um estilo que nunca acaba de nos surpreender, pois nunca nos habituamos à ideia de um Deus humilde.
“Deus se humilha para caminhar com o seu povo, para suportar as suas infidelidades” . O Senhor ouve pacientemente os murmúrio, as lamentações contra Moisés, que no fundo eram contra Ele, contra o Pai que os tinha tirado da condição de escravatura e os conduzia através do deserto para a terra da liberdade.
“Nesta Semana Santa, que nos leva à Páscoa, iremos por este caminho da humiliação de Jesus. E só assim será “Santa” também para nós”
Durante a Missa rezou-se em várias línguas para diversas intenções de modo particular para os jovens. Eis a oração e língua da Indonésia:
“A paixão de Jesus, vivida em obediência à vontade do Pai, torne os seus corações puros, indivisos e generosos”
E foi precisamente aos jovens que no final da celebração, depois de saudar a todos, o Papa dirigiu uma palavra especial:
“Caros jovens exorto-vos a continuar o vosso caminho seja nas dioceses, seja na peregrinação através dos continentes, que vos levará no próximo ano a Cracóvia, pátria de São João Paulo II, iniciador das Jornadas Mundiais da Juventude. O tema daquele grande encontro “Beatos os misericordiosos, pois que encontrarão misericórdia” entoa-se muito bem com o Sano Santo da Misericórdia. Deixai-vos encher pela ternura do Pai para depois a difundir à vossa volta!”.
Seguiu-se a oração mariana do Angelus que o Papa convidou a dirigir a Nossa Senhor a fim de que nos ajude a ser fiéis a Cristo nesta Semana Santa, Ela que estava presente quando Jesus entrou triunfante em Jerusalém, mas que como Ele estava pronta ao sacrifício.
O Papa confiou a Nossa Senhora as vítimas do desastre aéreo da companhia alemã, recordando de modo particular o grupos de jovens estudantes que nele perdeu a vida.
E concluiu desejando a todos “uma Semana Santa em contemplação do Mistério de Jesus Cristo”.
E com o Angelus deste domingo terminamos esta síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 23 a 29 de março. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa. (RS)
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