SCEAM vai criar “Comissão Continental de Reconciliação”

 

O SCEAM, Simpósio das Conferências Episcopais da África, vai criar uma “Comissão Continental para a Reconciliação” com a tarefa de analisar as situações que podem levar a conflitos ou violência em África e desenvolver acções de mediação, quando necessário.

A decisão foi anunciada por D. Gabriel Justice Anokye, segundo vice-Presidente do SCEAM e responsável pela Comissão Justiça, Paz e Desenvolvimento dessa organização eclesial, na mensagem final do Congresso sobre “Justiça e Paz ao serviço da Reconciliação e do Desenvolvimento integral em África” que teve lugar na Namíbia de 12 a 15 de março, por iniciativa do próprio SCEAM.

Os participantes no Congresso constataram que a África vê-se muitas vezes confrontada com violências e extremismos religiosos e, por conseguinte, desafiada para um sincero e firme diálogo inter-religioso com vista à consolidação da paz e união dos povos e culturas.

Eles declararam-se convictos de que “o diálogo inter-religioso combinado com a boa governação por parte dos nossos líderes africanos constituirá um bom instrumento para o  desenvolvimento integral dos nossos países” – lê-se na mensagem final do Congresso.

No que toca às migrações, foi lançado um apelo aos líderes africanos, incitando-os a criarem melhores condições de vida e de trabalho (de modo particular para os jovens) através duma governação inteligente, responsável, e de uma boa e sã gestão e uso dos recursos.

Também as situações de crise sanitária, como o Ébola, o HIV/SIDA e outras doenças como a malária foram tomadas em consideração, tendo os participantes no encontro expresso o desejo de que a Igreja Família de Deus em África intensifique o já significativo papel que tem vindo a desenvolver na promoção de políticas nacionais de saúde. Um apelo foi igualmente dirigido aos Governos africanos para que tornem o acesso aos cuidados de saúde um direito de todos e não um privilégio dos ricos.

Durante o Congresso – lê-se no comunicado de impressa do SCEAM – o P. Fradereck Chiromba, Secretário Geral da Conferência Episcopal do Zimbabwe, fez uma comunicação sobre “Dialogo Político e a Transição Democrática Pacífica em África: Papel dos Departamentos Católicos de Ligação Parlamentar”. Ele sublinhou que o CPLO (sigla desses departamentos em inglês), enquanto veículo oficial para o contacto e o diálogo entre a Igreja católica e os Parlamentos ou Governos, deveria abrir caminho à Igreja – como parte da sociedade civil – para que contribua para os debates em questões de políticas públicas, procurando influenciar as políticas económicas e sociais com vista no bem comum e ajudando na projectação de leis e políticas de desenvolvimento.

Por seu lado, Cáritas-África sublinhou os efeitos das Mudanças Climáticas que desabrocham em baixas e pobres produções agrícolas, perda de meios de subsistência, deterioração das condições de saúde e, por vezes, mesmo em convulsões sociais.

O Secretário Executivo da Cáritas–África, Jacques Dinan, convidou a tomar medidas de Adaptação às Mudanças Climáticas e a criar redes de advocacia a fim de enfrentar o fenómeno.

À semelhança do REPAM (Pan-Amazonia Church Network), as Comissões Episcopais Justiça e Paz da África poderão criar uma “Rede Africana da Igreja” reagrupando, de modo particular, os países vizinhos da Floresta Equatorial com vista numa gestão transparente e responsável da Floresta.

Outras comunicações apresentadas durante o encontro verteram sobre:

- O Papel da Igreja na Promoção da Coesão e de Políticas Nacionais para Responder a Epidemias como o HIV-SIDA e o vírus Ébola - pelo P. Richard W. Bauer;

- Reconciliação em África - pelo P. Joseph Aka, Assistente do Secretário Geral das Conferências Episcopais da Região da África Ocidental (RECOWA).

Por fim os participantes exprimiram a sua gratidão à MISEREOR (organismo católico alemão de desenvolvimento); à CAFOD (dos Estados Unidos) e à Cáritas-África pela sua assistência e solidariedade.

No Congresso participaram Arcebispo e Bispos-Presidentes das Comissões Regionais e Nacionais Justiça e Paz, Coordenadores e/ou Secretários Regionais e Nacionais das mesmas Comissões, o Secretário Geral de Cáritas-África, Representantes dos Grupos de Peritos e de trabalho do SCEAM e Membros da Comissão Justiça e Paz do SCEAM. (DA)