2015-03-09 18:04:00

Dom Renato Corti, autor dos textos da Via sacra de Sexta-feira Santa. “Palavra-chave: “guardar”


Foi a primeira homilia do Papa Francisco – aquela referência à figura de S. José protector de Maria e de Jesus – o tema inspirador dos textos para a Via Sacra no Coliseu, de sexta-feira Santa,  este ano confiada pelo Pontífice a Dom Renato Corti, bispo emérito de Novara. Aos nossos microfones o Bispo explica: “a palavra que atravessa todas as meditações é custódia, guardar. Recordei-me de modo particular daquela passagem na qual o Papa, apenas eleito dizia que a cruz é o vértice luminoso do amor de Deus que nos protege. Portanto parece-me que também nós somos chamados a ser protectores por amor para com o homem”.

“Recorrí àquilo que São Paulo diz a propósito do amor de Deus e das suas dimensões”,, diz Dom Corti. “daí deduzi o termo “custódia, referindo-o a diversas realidades: a Palavra de Deus, a Eucaristia, o perdão”.

Um pensamento particular exprimi-o no que concerne à família, inserindo uma oração aos trabalhos do Sínodo para que sejam acompanhados pela misericórdia e pela verdade. Procurei lançar input úteis para a vida eclesial e recordei também qualquer facto grave que se passa na nossa sociedade contemporânea e que vai na direcção oposta àquela do guardar: o mal cometido aos jovens, o abandono dos pobres, o esquecimento dos pilares da paz já evocados por João XXIII (a verdade, a justiça, a liberdade, o amor). E, em seguida, falo explicitamente – de maneira calibrada – de temas quentes que preocupam o mundo: da pena de  morte que deve ser abolida; da tortura que deve ser cancelada; da desumanidade para com os inocentes e de gente barbaramente assassinada;  do tráfico de pessoas. Mas recordo também positivamente, as belíssimas experiências de quem leva a esperança: por exemplo as missionarias que resgatam as crianças-soldado e as reconduzem à sua dignidade”.

Como traduziu a brutalidade e a violência com que são mortos seres humanos e se alimenta ódio em nome de uma visão distorcida da religião?

“Eu, pessoalmente, estou a passar por esta experiência espiritual, isto é, que esta situação internacional tão difícil e obscura para o futuro leva-nos a compreender  com maior clareza, por parte de nós os cristãos,  que o Evanagelho é o melhor  para o homem e não há nada que defenda tanto o homem como o Evangelho, e que o facto de ter encontrado Jesus  Cristo é una grande fortuna. É, portanto, um tempo terrível, mas também luminoso. Deve ser valorizado em termos de impulso, de coragem, por parte dos cristãos que em várias partes do mundo chegam a dar exemplos claros de testemunho da fé, até ao martírio. É um tempo, digamos assim, que nos permite a nós que vivemos na Europa de nos despertarmos e de dizer: aqui descuidamos o domingo e em África a gente, a família, faz quilómetros para ir à missa. “Devemos aprender deles”.

O que impressiona nos seus textos é a estrutura narrativa que escolheu …

“Decidí meter-me a contemplar Jesus enquanto faz o percurso, procurando imaginar o que é que Ele poderia imaginar. Procuro exprimi-lo dando-lhe a palavra. É um falar em primeira pessoa, mas também plural, quando exprimo o “nós”, dando voz à gente que Ele encontra. Nesse modo muito compacto de diálogo, não há nada de descritivo, é tudo empático, envolvente. Quis ajudar a colocar-me dentro da cena Evangélica fazando parte da mesma, olhando para Jesus,  a quem está à volta Dele, dando ressonância  a tudo isso. (BS)

 








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