2015-02-25 16:31:00

Vida Consagrada – A Quaresma na Cartuxa de Évora


Na edição de hoje do “Sal da Terra, Luz do Mundo”, neste início da Quaresma, apresentamos mais um testemunho de vida consagrada. Trata-se da Cartuxa de Évora em Portugal e da vida radical de oração e contemplação dos 6 monges que vivem neste Mosteiro de clausura. O som é da Agência Ecclesia num trabalho do programa 70x7 do canal 2 da Rádio Televisão Portuguesa.

O Mosteiro da Cartuxa, em Évora, remonta a 1587, ano em que se iniciou a sua construção pelo arcebispo D. Teotónio; os primeiros monges chegaram em 1598 e aí permaneceram até à expulsão das ordens religiosas em 1834. Nessa altura o espaço foi transformado em propriedade do Estado e albergou uma escola agrícola que transformou a Igreja do mosteiro num celeiro. Só foi em meados do século XX que Vasco Maria, conde de Villalva, mandou restaurar o mosteiro e devolveu-o à Ordem de São Bruno para acolher a vida cartusiana em Santa Maria Scala Coeli, acolhendo novas vocações portuguesas. O Prior da Cartuxa de Évora, dom frei Antão Lopez, é o anfitrião e guia desta visita na reportagem assinada por Henrique Matos, numa produção da Agência Ecclesia para o programa 70x7 da RTP2. O testemunho, os sons, os cânticos e os silêncios de uma vida consagrada que vive “todo o ano no deserto” em ritmo de Quaresma.

"O deserto é o significado da Cartuxa. A nossa vocação consiste em passar todo o ano no deserto, todo o ano sozinhos com Deus e jejuando", afirmou dom frei Antão Lopes à Agência Ecclesia.

No ambiente da Cartuxa, o prior do mosteiro de Évora disse que a Quaresma “não difere muito do resto do ano”.

“Ainda assim, o jejum é mais forte e a liturgia é mais abundante e rica, dedicamos mais tempo à oração e ao canto", adiantou frei Antão Lopes.

Para o Prior da Cartuxa de Évora, o deserto do monge é a sua cela, que nela passa a maior parte do tempo

"Este espaço liga-nos ao deserto da Judeia, a esse ar livre, à natureza para onde Jesus se retirou. Liga-nos também aos primeiros ermitas da Igreja que se retiravam para os desertos do Egito e da Síria, Santo Antão, São Paulo Eremita, São Pacómio… todos eles procuravam imitar Jesus num lugar que facilitasse, a natureza", sublinhou.

Dom frei Anão Lopes conta que quando a comunicação social fala da Cartuxa, valoriza o jejum, mas que os monges não lhe atribuem assim tanto relevo.

"É algo que entra na normalidade da nossa vida, o facto de comermos pouco e de forma mais simples é algo que nos deixa mais tempo livre e é mais económico. O que para nós é importante é a oração esse é que é o aspeto forte da nossa vocação”, sublinhou.

O dia na Cartuxa divide-se em três partes, oito horas de oração, oito horas de trabalho e oito horas de descanso, onde a leitura tem um lugar central na formação espiritual do monge, nomeadamente a Bíblia, à semelhança da experiência de deserto vivida por Jesus

"Não nos podemos esquecer que Jesus, no deserto, venceu as tentações com a Palavra de Deus. Para nós, a Escritura é uma ajuda fenomenal. Nós também temos as nossas tentações, as nossas ideias, pensamentos que por vezes brotam dentro de nós. A Escritura e principalmente o Evangelho é muito importante", sustenta frei Antão Lopes.

D. Antão lembra que os monges não se dedicam a atividades lucrativas e têm também de ter o mínimo de despesas.

"Para que a vida contemplativa aumente, as despesas têm de diminuir. E para que as despesas diminuam temos de comer menos, de usar a roupa mais tempo, utilizar as mobílias e os utensílios da cela mais anos… essa qualidade do jejum e de comer de forma mais simples tem um objetivo, a finalidade de dedicar mais tempo à espiritualidade e menos ao material".

Apenas com 6 monges, o radicalismo da vida na Cartuxa de Évora tem por dificuldades principais “a solidão e a família”.

“A renúncia à família custa muitíssimo, custou-nos a todos, a solidão também custa, mas ela é um meio para se chegar até Deus", refere.

A reportagem sobre o mosteiro da Cartuxa em Évora foi transmitida no programa 70x7 no domingo, dia 22 de fevereiro, na RTP2.

(RS/Ecclesia)








All the contents on this site are copyrighted ©.