Igreja palestina em festa com anúncio de duas novas santas


Jerusalém (RV) – O Papa Francisco criou no último dia 14 de fevereiro 20 novos Cardeais e fez um anúncio que para muitos passou desapercebido, mas não para a Igreja palestina na Terra Santa, que a partir do próximo 17 de maio, terá duas novas santas.

Tanto a Igreja Católica local como os palestinos em geral receberam com alegria o evento, que consideram como um exemplo para os fiéis e supõe um tributo às religiosas que desempenharam seu trabalho na região berço do cristianismo.

Ao receber em Roma a notícia, o Patriarca latino, Fuad Twal, expressou sua “imensa alegria, e a da Terra Santa, que está encantada com a canonização de duas palestinas da Diocese de Jerusalém, a Beata Maria Alfonsina, fundadora das Irmãs do Rosário, e a Beata Maria de Jesus Crucificado, fundadora do Carmelo de Belém”.  

“Elas são a nossa luz e consolo, em meio às dificuldades”, completou. 

Com esta decisão, o Papa satisfaz um antigo anseio da comunidade católica local, que teve ocasião de expressá-lo na peregrinação à Terra Santa realizada por Francisco em maio de 2014. 

O Patriarca latino agradeceu a todos os que trabalharam para divulgar a vida das duas religiosas e convidou os fiéis a participarem das celebrações da canonização, em Roma e na Terra Santa (Jerusalém, Belém e Nazaré). 

As duas novas santas

Nascida em 1846 na aldeia de Eblin, perto de Nazaré (hoje Israel), Mariam Baouardy, conhecida como Irmã Maria de Jesus Crucificado, foi criada em uma família católica greco-melquita, mas ficou órfã pequena e foi adotada por um tio paterno que se transferiu para Alexandria, no Egito.

Aos 13 anos, fugiu de casa para evitar ser forçada a se casar e segundo seus biógrafos, teria se negado a se converter ao islamismo e sido punida com uma ferida na garganta.

Mariam foi cuidada por uma mulher que ela identificava como a Virgem Maria.

A esta religiosa foram atribuídos oito dons místicos. Residiu em Jerusalém, Beirute e Marselha, até chegar ao Carmelo de Pau, onde adotou o nome religioso e fundou em 1875, com outras carmelitas, o Carmelo de Belém, cidade em faleceu, em 1878. Foi beatificada por João Paulo II em 1983.

Maryam Sultanah Danil Ghattas, conhecida como María Alfonsina, nasceu Jerusalém em 1843 e decidiu consagrar-se à vida religiosa aos 14 anos.
Sua missão, como afirmou Bento XVI ao beatificá-la em Nazaré em 2009, foi através do ensinamento religioso: “Vencer o analfabetismo e elevar as condições das mulheres de seu tempo naquela terra onde Jesus exaltou a sua dignidade”. 

Fundou escolas, albergues para religiosas na Galileia e graças a ela, as Irmãs do Rosário são consideradas como ‘braço direito’ do Patriarcado. Morreu em Ein Karem, sul de Jerusalém, em 1927.

Emoção e preparativos

De acordo com o porta-voz do Departamento de Negociações da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), Xavier Abu Eid, “a medida reafirma uma vez mais o papel integral que os cristãos tiveram na história do povo palestino. Serão canonizadas duas pessoas vinculadas à educação, e cujas instituições existem até hoje na Palestina”. 

Abu Eid adiantou que já foram iniciados os preparativos entre os governos da Palestina e da Santa Sé, “para fazer desta canonização o evento memorável que estas duas santas merecem”.

Paralelamente, o governo palestino deve enviar uma delegação de alto nível para participar dos atos oficiais. “Desde a Idade Média não havia um evento semelhante. Podemos dizer que são as primeiras duas santas palestinas canonizadas na História moderna”, conclui, orgulhoso, Wadie Abu Nasar, porta-voz do Patriarcado Latino de Jerusalém.  

 








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