Sacerdotes celebram sem paramentos após igrejas incendiadas no Níger


Niamey (RV) – Cadeiras alugadas e mesas como altar compuseram o cenário das celebrações realizadas em algumas igrejas católicas e protestantes no último domingo (25/01), no Níger, após as destruições ocorridas durante os protestos dos dias 16 e 17 contra as charges retratando o Profeta Maomé. Após terem sido suspensas temporariamente, as atividades da Igreja foram retomadas com a Missa dominical, celebradas sem os paramentos, queimados com os incêndios.

Uma Missa foi concelebrada pelos Arcebispos Laurent Lompo e Michel Cartatéguy, Emérito, que encorajaram os fiéis a alimentar a esperança, para que não se verifiquem outras violências e atos de vandalismo

Danos ultrapassam dois milhões de euros

Na última semana, reporta o site www.eglisecatholiqueauniger.org, as comunidades paroquiais limparam as igrejas (ou o que sobrou delas), constatando os diversos danos provocados pelos ataques: paredes danificadas, telhados destruídos, mobílias e bancos queimados. Estimativas consideram que os prejuízos ultrapassam os 2 milhões de euros. Para reconstruir as paróquias e remediar os danos, alguns fiéis decidiram doar parte de seus salários, enquanto outros fornecerão materiais ou mão-de-obra. Para o Arcebispo de Niamey, deverá ser reconstruído não somente o que foi destruído materialmente, mas também a fraternidade e o diálogo entre as religiões. Dom Lompo e Dom Cartatéguy visitarão todas as paróquias de Niamey, para levar uma mensagem de paz e de perdão.

Imagem queimada de Maria vira símbolo

Na última quinta-feira, todos os sacerdotes da Arquidiocese encontraram-se para uma cerimônia simbólica diante de uma imagem de Nossa Senhora, danificada pelas chamas na Paróquia de Santo Agostinho. Trata-se de um dos raros objetos de piedade não consumidos pelos incêndios, que após recuperado, foi levado a Dom Cartatéguy, que definiu-o como “o símbolo de todas as estátuas das igrejas queimadas”. O prelado pediu a todo o clero para oferecer a Maria o sofrimento mas também a esperança da comunidade cristã duramente provada, convidando os paroquianos para depositar diante da estátua de Maria as cinzas de todas as Igrejas queimadas.

Reforçar amizade e fraternidade com os muçulmanos

O prelado apelou também aos perdão e à benevolência para com os muçulmanos e exortou a não se considerar vãos os esforços para alimentar o diálogo com os muçulmanos. “O que aconteceu não é fruto do diálogo – afirmou Cartatéguy – aquilo que aconteceu deve nos comprometer a reforçar as nossas ligações de amizade e de fraternidade com os muçulmanos”. (JE)








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