Morre o primeiro rei saudita a encontrar um Papa


Riad (RV) – O Rei da Arábia Saudita, Abdullah bin Abdulaziz, de 90 anos, faleceu nesta sexta-feira (23/01). Ele foi o primeiro rei saudita a saudar um Pontífice, Bento XVI, em novembro de 2007. Abdullah era filho de Abdel Aziz Ibn Saud, fundador e primeiro soberano do moderno reino saudita (1932-1953). Seu irmão Salman, de 79, ex-Ministro da Defesa, o sucederá no trono do maior país exportador de petróleo do planeta e país-chave no equilíbrio no Golfo Pérsico.

Os funerais

O Palácio real informou a morte do monarca à 1 hora da madrugada, hora local, em uma nota lida na TV após a recitação de uma oração do Alcorão. Os funerais serão nesta sexta-feira, na Grande Mesquita de Turki bin Abdullah, em Riad, após as orações da tarde.

Aliado do Ocidente

Abdullah governou oficialmente a Arábia Saudita a partir de 2005, mas de fato, governava como regente desde 1995, após o ictus que vitimou o irmão, Rei Fadh. Estreito aliado dos Estados Unidos após o 11 de setembro (15 dos 19 sequestradores dos aviões eram sauditas), Abdullah tratou o Presidente Obama como “amigo precioso” e “líder corajoso”.

Encontro com Bento XVI

Em 6 de novembro de 2007, o histórico encontro entre um soberano saudita e um Papa. De fato, os colóquios entre Bento XVI e o Rei Abdullah desenvolveram-se num clima de cordialidade, o que permitiu tratar de temas que “estavam no coração” dos dois líderes. Em particular “o empenho em favor do diálogo intercultural e inter-religioso, voltado à pacífica e frutuosa convivência entre homens e povos, e o valor da colaboração entre cristãos, muçulmanos e judeus pela promoção da paz, da justiça e dos valores espirituais e morais, especialmente no apoio à família”. Temas como o Oriente Médio e a necessidade de se encontrar uma solução justa aos conflitos que atingem a região, em particular o israelense-palestino, também estiveram na pauta do encontro.

Relação com os cristãos

O Vigário Apostólico da Arábia do Sul, Dom Paul Hinder OFM Cap contou que quando era príncipe herdeiro, Abdullah manteve contatos com o Arcebispo Giovanni Bernardo Gremoli, que por 29 anos, foi Vigário Apostólico da Arábia. “Após, durante o seu reinado, quando fiquei responsável pela Arábia – explica Dom Hinder – posso dizer que os princípios em matéria religiosa não mudaram, mas a aplicação destes era mais flexível, e para os cristãos, se fossem prudentes, muitas coisas eram praticáveis. Incidentes desagradáveis aconteciam quando grupos grandes se reuniam, pois chamava a atenção e se deixava um pouco de lado uma oportuna prudência”.

Por muito tempo, o poder da polícia religiosa saudita – mutawwa’in – pareceu limitado, mas aumentou nos últimos anos. “No geral – acrescenta o Vigário Apostólico – o Rei era considerado pela população como uma pessoa piedosa e mais respeitosa das regras do Islã, do que outros”. (JE)

 

 


 

 








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