Núncio em Manila: encorajamento à única grande comunidade católica da Ásia


Manila (RV) - O Papa Francisco chegou esta quinta-feira às Filipinas, segunda etapa desta sua sétima viagem apostólica internacional, após os dias intensos vividos no Sri Lanka. Sobre a viagem às Filipinas, um dos nossos enviados, Sean Lovett, ouviu o Núncio apostólico em Manila, Dom Giuseppe Pinto. Eis o que disse:

Encorajamento à única grande comunidade católica da Ásia

Dom Giuseppe Pinto:- “Este encontro com a única grande comunidade católica da Ásia significa trazer encorajamento às Igrejas locais, as das Filipinas em particular, a fim de que elaborem uma presença nova e eficaz. Quando veio João Paulo II, seus votos foram que a comunidade das Filipinas não somente manifestasse e desse testemunho de Cristo, mas, ao mesmo tempo, fosse perfeitamente inserida no âmbito das antigas civilizações asiáticas.”

Importante papel dos leigos nas Filipinas

RV: O senhor diz que se tem muito a fazer nesta Igreja local. Pode nos explicitar?

Dom Giuseppe Pinto:- “Há vários níveis em que se tem muito a ser feito. O primeiro é fisiológico. Isto é, o episcopado está se renovando, vez que muitos bispos alcançaram e superaram os 75 anos, portanto, agora cabe aos jovens – porque muitos dos prelados estão chegando a esta idade –, cabe aos jovens sacerdotes, caberá aos leigos reformar estas Igrejas locais que nasceram como Igrejas de leigos, como em outros países da área. Portanto, é uma questão de um trabalho feito em conjunto: os leigos com suas responsabilidades de um lado, e os pastores com os sacerdotes de outro. Tanto é assim que os bispos dedicaram aos leigos um ano que está para se concluir. E a eles, aos leigos, indicaram as responsabilidades. A responsabilidade direta às famílias católicas e, em particular, aos pais, a serem modelos de bondade e de vida cristã com a oração, a participação nas celebrações e a ajuda recíproca. E depois a responsabilidade, própria do laicato, de estabelecer uma ordem social justa nas Filipinas, inspirando-se na doutrina social da Igreja. Aí está se verificando e deve ocorrer, graças a Deus, uma diferenciação de papéis. E é isso que se quer fazer, valorizando neste movimento, sobretudo, os jovens. E, de fato, o Papa que olha para a Ásia, os encontrará na universidade, numa das mais famosas do mundo, na Universidade Santo Tomás, e lhes pedirá que sejam os protagonistas do terceiro milênio: aqueles que levam a Igreja ao diálogo. Porque é a Igreja das “portas abertas”, a Igreja que vai ao encontro dos outros. Que sejam eles por primeiro, os jovens, a se inserirem neste quadro não fazendo prosélitos, mas evangelizando, ou seja, anunciando, e, portanto, convivendo, vivendo bem com as comunidades da região.”

Forte religiosidade popular

RV: Quando se pensa na Igreja nas Filipinas se pensa também numa Igreja fortemente radicada na religiosidade popular. Quais são as vantagens e desvantagens?

Dom Giuseppe Pinto:- “Se por religiosidade popular se refere ao folclore, esta religiosidade existe, mas não é tudo, e não é a parte principal. Se, ao invés, se refere ao fervor da fé, esta existe e acompanha a vida deste povo. É por isso que esta chama precisa resplandecer, ainda mais, porque os filipinos são pessoas de fé profunda: demonstram essa fé, vivem-na, participam das celebrações. Mas é preciso interiorizar, colocar uma força interior: os votos são de que a visita do Papa leve a interiorizar os valores que já têm e que são preciosos, também para a Igreja universal.”

Visita às áreas atingidas pelo tufão

RV: Falemos da visita a Tacloban, que, de certo modo, é o centro desta viagem. O Papa quis fortemente esta visita, quando celebrou aquele encontro com a comunidade filipina em Roma, após o tufão “Yolanda”. Dalí nasceu este seu desejo de vir aqui às Filipinas e estar fisicamente presente naquela área atingida pelo desastre natural. O senhor visitou essa área, o que viu?

Dom Giuseppe Pinto:- “Estive na província de Leite no Natal do ano passado. Celebrei o Natal com eles. Foi um momento muito comovente para mim e para eles, para o arcebispo, Dom John Du, que gentilmente me recebeu, ao vivermos juntos este momento precioso. Momento do qual vi a nação inteira... Foi um momento de comunhão. A coisa bonita foi sentir-se com o povo e, a este ponto, não sentir-se mais em Leite, mas sentir-se comunidade, próxima de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os dois dias da vigília e do Natal foram vividos de modo incrível. Nenhum de nós pensou mais em si mesmo, nem de onde vinha, nem para onde ia, não havia programas, simplesmente ficamos com os jovens. Gostaria de citar um episódio muito bonito verificado na paróquia dos padres espanhóis, a única cujo prédio não desabou. Então se reuniram ali milhares de pessoas, vale ressaltar que ali morreram entre 2 mil e 3 mil pessoas numa localidade de pouco menos de sete mil habitantes. Acontece que não havia mais nada para comer e não se podia ir a nenhum lugar porque estava tudo destruído, completamente. Então tive a ideia de escrever com pedras no oratório, ao aberto: “Temos fome”. Passadas algumas horas um helicóptero jogou víveres e água para nós. São pequenos episódios, mas que dão o sentido daquilo que é uma destruição total. Esta é uma Igreja extraordinária, uma Igreja que sofre, mas que é interiormente viva e que se alegra porque ama a música,  a arte e, ao mesmo tempo, é muito apegada à fé.” (RL)








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