Brasil sem cigarro: país na vanguarda contra o tabagismo


Cidade do Vaticano (RV) – A propaganda já não engana mais, tampouco induz o brasileiro a fumar: o cigarro é careta! Em 25 anos, o percentual da população adulta que se declarava fumante caiu de 34 para 11%. Hoje, o Brasil só está atrás do Reino Unido e dos Estados Unidos no índice de ex-fumantes.

Números que impressionam e que remetem a uma desconstrução de uma imagem positiva (!) do cigarro criada pela indústria tabagista ao longo de muitas décadas. As estratégias publicitárias associavam o cigarro a uma imagem de bem-estar, glamour, independência e saúde. Com todo o seu poder de persuasão, milhões de pessoas foram enganadas durante anos por essa falsa propaganda.

Atualmente, os mesmos interesses obtusos voltam a se apresentar na forma de modismos que, segundo os publicitários, não seriam nocivos à saúde: o cigarro eletrônico e o narguilé.  O objetivo, no entanto, não muda: atrair os jovens, criar uma necessidade e um desejo perverso.

Vilão

O cigarro começou a perder seu apelo na metade dos anos 1960 quando, nos Estados Unidos, eram divulgadas as primeiras pesquisas que associavam o tabagismo a inúmeras doenças. A primeira geração de fumantes começava a morrer vítima do cigarro e o mundo levantava-se contra a indústria tabagista. No Brasil, entretanto, foram necessários mais 20 anos para que o país acordasse para essa triste realidade. Somente a partir dos anos 1980 o Ministério da Saúde lançou as primeiras campanhas de conscientização.

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) está na vanguarda da luta contra o cigarro. Desde 1989, o INCA coordena as ações do Programa Nacional de Controle do Tabagismo. Em entrevista à Rádio Câmara, o médico pneumologista do INCA, Ricardo Meirelles, disse que as medidas educativas e restritivas ao cigarro vêm gerando, lentamente, mudanças comportamentais em fumantes e não fumantes:

“Antigamente, o tabagismo era estimulado pela sociedade. Ser fumante era um estilo de vida. Ainda não existiam estudos que mostravam o malefício do cigarro. Nos anos de 1930 e 1940, nos Estados Unidos, os médicos faziam propaganda de cigarro. A comunidade científica só descobriu que a nicotina é uma droga no final dos anos 1980, em 1986”, declarou.

Careta

O Ministério da Saúde afirma que, hoje, cerca de 20 milhões de brasileiros ainda não conseguiram superar o vício do cigarro. Também falando à Rádio Câmara, a médica e chefe do Programa Nacional de Controle do Tabagismo do INCA, Tânia Cavalcante, fala sobre como o cigarro perdeu o status aprazível forjado pela propaganda.

“Aos poucos se construiu uma representação social negativa do ato de fumar. A sociedade, de certa forma, ela até meio que massacra o fumante porque o senso comum hoje vê o fumante como uma pessoa que não tem força de vontade, mal educada. O que nós temos trabalhado é para mostrar que aquela pessoa que hoje fuma é uma vítima de todo o processo de construção desse mercado”, afirmou.

Reforço

Desde dezembro do ano passado, uma nova lei proíbe fumar em todos os lugares fechados, públicos ou privados, como restaurantes, clubes e condomínios. A propaganda também está proibida, mesmo nos locais onde o produto é vendido. 

Prevenção

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o número de fumantes em todo o mundo ultrapasse o número de 1 bilhão, dentre os quais milhões de jovens. Em 2014, o Papa Francisco afirmou que para vencer a guerra contra as drogas – incluídas as milhares de substâncias tóxicas e viciantes presentes no cigarro – é preciso trabalhar na prevenção.

“Isto fará muito bem. O exemplo de muitos jovens que, desejosos de subtrair-se à dependência da droga, se comprometem a reconstruir a sua vida, é um estímulo a olhar em frente com confiança”. (RB)








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