Dia Mundial da Paz: Já não mais escravos, mas irmãos


Cidade do Vaticano (RV) – “Já não mais escravos, mas irmãos”: este é o tema do 48º Dia Mundial da Paz, que a Igreja celebra em 1º de janeiro.

O tema da luta contra a escravidão no mundo contemporâneo foi uma escolha do Papa Francisco. Em várias ocasiões, o Pontífice classificou esta prática como uma chaga do século XXI, convocando especialistas para discutir a questão e elaborar ações de combate ao tráfico humano.

"A escravidão tem muitos rostos abomináveis: o tráfico de seres humanos, o tráfico de imigrantes e a prostituição, a escravidão no trabalho, a exploração do homem pelo homem (...). Os indivíduos e os grupos especulam sobre esta escravidão, beneficiando-se dos conflitos no mundo, do contexto de crise econômica e da corrupção", escreve Francisco.

Para um comentário à Mensagem, a Rádio Vaticano contatou a coordenadora da Rede Um Grito pela Vida, Ir. Eurides Alves de Oliveira. Esta Rede atua no enfretamento e na prevenção do tráfico no Brasil, em coordenação com a rede internacional da vida consagrada.

Ir. Eurides ressalta três aspectos da mensagem de Francisco, sendo o primeiro deles a fundamentação, quando o Papa afirma que “a escravidão tem a sua raiz na queda da fraternidade, do reconhecimento do outro como irmão. Ele traz toda a fundamentação bíblica da criação, cita Caim e Abel. Mas esta queda da fraternidade, ou seja, da humanidade que fere o projeto de Deus que está na raiz, é uma causa ontológica geradora dessas relações de escravidão, de superioridade, de domínio de uns sobre os outros. Na perspectiva humana, eu acho que é um grande desafio para sociedade hoje voltar a sentir-se semelhante um ao outro”.

O segundo aspecto identificado pela Ir. Eurides é o diagnóstico traçado “com muita propriedade” pelo Pontífice sobre a escravidão do século 21: “O trabalho escravo de crianças, adolescentes e adultos; a exploração sobretudo de mulheres e crianças para a prostituição; e a questão da imigração não em si, mas a migração forçada pelas zonas de pobreza e de miséria. Ele diz que isso não acontece por acaso, mas é fruto de um sistema estruturado no poderio, na concentração de bens e de poder de uma minoria, gerando zonas de pobreza, de miséria. Trabalhar nessas questões significa superar essas causas estruturais.”

Por fim, o enfrentamento ao problema e o engajamento da Igreja: “Essa engenharia de morte muito bem articulada só pode ser enfrentada em rede, com o compromisso de todo o mundo, e o Papa valoriza de uma forma muito bonita a ação da vida religiosa consagrada. Deu-me uma alegria muito grande sentir que nosso pequeno trabalho da Rede Um Grito pela Vida, somando também com o de tantas outras congregações, com a rede da vida religiosa no mundo, tem sido sinal da possibilidade de romper gradativamente com essas estruturas de morte, que gera o tráfico humano e provoca sofrimento a tantas pessoas. É uma alegria muito grande ver a Igreja, representada mundialmente na pessoa do Papa Francisco, se preocupando de fato com esta questão que, no momento atual, é um crime de larga escala e acho que é o sinal dos tempos e o apelo teológico e histórico mais profundo que a gente tem no interior da humanidade”.

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(BF)








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