Papa Francisco aos jovens de Taizé: abram caminhos de liberdade


Cidade do Vaticano (RV) - Sejam o sal de um mundo que precisa reencontrar o “sabor” de Deus. São os votos que o Papa Francisco faz aos trinta mil jovens que a partir desta segunda-feira, 29 de dezembro, até a próxima sexta-feira, 2 de janeiro, estão reunidos em Praga, República Tcheca, para o tradicional encontro de oração de fim de ano organizado pela Comunidade de Taizé.

Mêmores dos mártires, capazes de imaginação, disponíveis a anunciar o Evangelho. É o que o Pontífice pede aos milhares de jovens reunidos na capital tcheca.

Tendo chegado à 37ª edição, o Encontro de Taizé – que reúne a cada ano os jovens do Leste e do Oeste europeu – é chamado “Peregrinação de confiança pela Terra”, um percurso, indica o Santo Padre em sua mensagem, a ser vivido “na oração e no diálogo recíproco”.

“Através de seu Espírito, que habita em vocês – escreve o Pontífice aos jovens –, Cristo lhes concede ser sal da terra”, porque quer “dar novamente ao mundo seu verdadeiro sabor” mediante a “descoberta da beleza da comunhão” com Deus e entre os irmãos.

Em 1990, quando os escombros do Muro de Berlim ainda estavam por terra, a peregrinação de Taizé encontrava-se na então Tchecoslováquia.

Vinte e cinco anos depois, “no momento em que a República Tcheca festeja os 25 anos de seu retorno à democracia, não esqueçam na oração de vocês – escreve o Papa – os mártires e aqueles que manifestavam a sua fé, homens e mulheres de boa vontade que permitiram, mediante o dom gratuito de si mesmos, por vezes a custa de grandes sofrimentos, que seu país reencontrasse um caminho de liberdade”.

Também vocês, prossegue o Pontífice, “são convidados a abrir caminhos de liberdade doando a si próprios com a disponibilidade de Maria de Nazaré, quando acolheu dentro de si a vida do Filho de Deus. Esta é a vida que deve desenvolver-se também em vocês”.

Mas acolher em si a vida de Jesus é sempre uma só coisa com o testemunhá-la aos outros. E aí o Papa Francisco assegura ter “confiança” na “imaginação” e na “criatividade” dos jovens de Taizé, que permitirá ao Evangelho ser anunciado e ouvido “com alegria” hoje em seus países.

Francisco cita uma expressão de sua Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium”, na qual caracteriza os jovens como “viandantes da fé” e “felizes por levar Jesus por todas os caminhos, todas as praças, todos os cantos da terra!”.

Trata-se de um pensamento reiterado na viagem apostólica à Turquia em novembro passado, que o Papa ressalta aos jovens reunidos em Praga em referência aos jovens ortodoxos, católicos e protestantes com os quais, diz Francisco, se depararão “nos encontros internacionais organizados pela Comunidade de Taizé”. “São eles que hoje nos pedem que demos passos adiante por uma plena comunhão.”

Muitos líderes religiosos e líderes internacionais quiseram enviar sua mensagem aos jovens reunidos em Praga e, de modo análogo ao do Papa Francisco, também nas outras saudações emerge o denominador comum da reflexão sobre o valor da liberdade e sobre o preço que ela custou à Europa para sair da Guerra Fria.

“Por gerações, a Europa esteve dividida”, recorda o Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon. “Hoje devemos fazer tudo aquilo que for possível, no mundo inteiro, para evitar novas divisões que seguem linhas nacionalistas, ideológicas ou racistas. Neste tempo de conflitos e de desafios, o mundo precisa dos jovens que encontrem seus contemporâneos e também pessoas mais anciãs e os encorajem  à reconciliação.”

Por sua vez, o Secretário Geral da Federação Luterana Mundial, Martin Junge, diz alegrar-me ao ver aquilo que hoje ocorre. Basta pensar que “trinta anos atrás um encontro semelhante era impensável. Um forte lição: os muros projetados para manter as pessoas separadas não duram, e as ilusões de segurança que se baseiam nos muros não têm futuro”.

Do mesmo modo, o Secretário Geral do Conselho Ecumênico de Igrejas, Olav Fykse-Tveit, olhando para o trabalho em favor da paz em chave ecumênica, afirma que “o apelo ao esforço dos cristãos em prol da paz deve expressar-se numa solidariedade cristã recíproca, como cristãos, a serviço da necessidade de paz de todos”.

“Aqueles que aceitam ser modelo de Cristo tornam-se um povo novo, uma nação que não se encontra em nenhuma carta geográfica do mundo, mas que existe – observa o Primaz da Comunhão Anglicana e Arcebispo de Cantuária, Justin Welby – em todo país do planeta. Vocês pertencem a uma nação sem fronteiras, sem exércitos e sem políticos, sem lutas pelo poder, sem ódio e sem hostilidade. Vocês são o povo de Deus.” (RL)








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