Arcebispo de Havana pede cautela: "História se faz com pequenos passos"


Havana (RV) - Na última quarta-feira foi anunciado o restabelecimento das relações entre Cuba e Estados Unidos, após 53 anos de ruptura oficial. A Igreja Católica, através do Papa Francisco, da Santa Sé e do Arcebispo de Havana, Dom Jaime Ortega, desempenharam um papel fundamental. Dom Ortega destacou que "chegou-se a um momento oportuno na história dos Estados Unidos, em que tudo foi muito bem acolhido" ao mesmo tempo que pede “cautela à população”, pois a história "se faz com pequenos passos".

Em entrevista ao Jornal Zero Hora, o Arcebispo de Havana falou da relação do Governo cubano com a Igreja, destacando também o papel do Pontífice na intermediação da pacificação com os Estados Unidos. Ele recordou que desde a visita de João Paulo II "houve uma mudança muito marcante nas relações entre a Igreja e o Estado de Cuba”. A situação “foi melhorando gradativamente”, sem retrocessos neste processo. Ele destacou ainda o papel de Bento XVI, que também visitou a Ilha. "Acredito que a História não se faz com grandes passos. Se faz com pequenos passos. E tudo se alcança com pequenos passos", observou.

Se por um lado o anúncio do reinício das relações diplomáticas provocou furor, por outro, Dom Ortega faz um alerta para a importância "de cautela neste momento". O Arcebispo de Havana explicou que a discrição com que foram conduzidas as negociações facilitaram o desfecho positivo do processo:

"Discrição da Igreja, do Papa, do governo cubano, de todos que intervieram. Foi algo necessário. Quanto menos pessoas intervierem em um processo deste tipo, melhor. E se conseguiu algo muito completo, muito bem costurado, sem que houvesse anúncios prévios, vazamentos, que às vezes dificultam as coisas porque criam expectativas. E, às vezes, não chegam a alcançar a dimensão que alcançou este acordo".

Nos próximos passos rumo à normalização das relações entre os dois países, Dom Ortega dá como certo a abertura da Embaixada americana em Havana e da Embaixada cubana nos Estados Unidos, e como provável "a visita do Secretário de Estado estadunidense a Cuba". (JE)

 








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