Papa: trabalhar pelo desarmamento nuclear


Cidade do Vaticano - O Papa Francisco exortou, nesta terça-feira (09), a comunidade internacional a trabalhar pelo “desarmamento nuclear” a criticou os “gastos militares” dos Estados porque “dilapida a riqueza das nações”. Francisco enviou uma mensagem ao Presidente  da Conferência sobre o Impacto humanitário das armas nucleares, Sebastian Kurtz, que se realizou em Viena nos dias 8 e 9 de dezembro. Estiveram reunidos representantes de cerca 160 países e de várias organizações internacionais.

Ética da solidariedade

O Papa iniciou a mensagem sublinhando, antes de tudo, que as armas nucleares são um problema global que interessa a todas as nações, e com um impacto nas futuras gerações e no planeta que é a casa de todos nós. É, portanto, necessária, escreveu o Papa Francisco, uma ética global se queremos reduzir a ameaça nuclear e trabalhar rumo ao desarmamento nuclear. “Agora, mais do que nunca, a interdependência tecnológica, social e política, chama urgentemente para uma ética da solidariedade, que encoraje os povos a trabalharem juntos para um mundo mais seguro e um futuro cada vez mais enraizado em valores morais e na responsabilidade à escala planetária”.

As consequências humanitárias das armas nucleares, - lê-se ainda na mensagem -, são previsíveis e planetárias e, enquanto muitas vezes se sublinha o potencial das armas nucleares para a destruição de massa, deve-se dar maior atenção ao “sofrimento inútil” trazido pelo seu uso. Existem muitos hoje no meio de nós, - escreveu o Papa -, que são vítimas destas armas e que nos advertem a não cometermos os mesmos erros irreparáveis que devastaram populações inteiras e a criação.

Diálogo sincero

A dissuasão nuclear e a ameaça de uma segura mútua destruição não podem ser a base para uma ética da fraternidade e coexistência pacífica entre os povos e os Estados, acrescenta o Papa. Os jovens de hoje e de amanhã merecem muito mais do que isso, merecem uma ordem mundial pacífica baseada na unidade da família humana, enraizada no respeito, na cooperação, solidariedade e compaixão. É tempo agora – reiterou o Papa – para contrapor a lógica do medo com a ética da responsabilidade, e assim promover um clima de confiança e diálogo sincero.

Outro ponto abordado pelo Papa é o custo das armas. “Esbanjar em armas nucleares desperdiça a riqueza das nações. Priorizar tal despesa é um erro e má destinação de recursos que seriam muito melhor investidos nas áreas do desenvolvimento integral, educação, saúde e a luta contra a pobreza extrema. Quando estes recursos são desperdiçados, os pobres e os fracos que vivem às margens da sociedade pagam o preço”.

O desejo pela paz, a segurança e a estabilidade, afirmou o Papa Francisco, é uma das ansiedades mais profundas do coração humano, e está enraizado no Criador que fez de todos os povos membros da mesma família humana.

Um mundo sem armas nucleares

No contexto desta Conferência, concluiu o Santo Padre na sua mensagem, “desejo encorajar um diálogo sincero e aberto entre as partes internas de cada Estado nuclear, entre os vários Estados nucleares, e entre os Estados nucleares e não-nucleares. Este diálogo deve ser abrangente, envolvendo organizações internacionais, comunidades religiosas e a sociedade civil, e orientado ao bem comum e não à proteção de obscuros interesses”.

“Um mundo sem armas nucleares” é um objetivo partilhado por todas as nações e a aspiração de milhões de homens e mulheres. “O futuro e a sobrevivência da família humana exigem que consigamos ir para além deste ideal e asseguremos que ele se transforme”. (SP)








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